Camponeses paraibanos marcham 200 quilômetros
2005-08-30
Mais de 200 agricultores dos movimentos sociais ligados à Via Campesina estão em marcha desde sábado, dia 27/08, e percorrerão quase 200 quilômetros que separam Campina Grande/PB da capital do estado, João Pessoa. São militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB, Movimento Sem Terra/MST, Movimento dos Pequenos Agricultores/MPA e Comissão Pastoral da Terra/CPT que exigem mudanças estruturais na política e na economia do país. É primeira vez que no estado está sendo feita uma marcha com este caráter, que também tem por objetivo fortalecer a Via Campesina, organização que congrega os movimentos sociais do campo em todo mundo.
A marcha chega a João Pessoa no próximo dia 6/09, véspera do Dia dos Excluídos, data que em todo Brasil, historicamente, milhares de trabalhadores protestam contra a economia que exclui o povo de terem acesso às condições mínimas de vida. Na capital, os manifestantes querem audiências com o Governo do Estado, para encaminhar as pautas específicas de cada movimento.
Os marchantes já caminharam 56 quilômetros e hoje (30) passarão por Lagoa Grande, município em que se localiza a barragem de Camará, que estourou em junho do ano passado. Até hoje, a maioria das famílias que tiveram suas casas e lavouras destruídas pela água, ainda não se recuperaram e não dispõe de uma política que restabelece suas condições econômicas. No município, assim como em todos os outros, os militantes debaterão com a população nos colégios e salões comunitários sobre os problemas que assolam o povo brasileiro.
Terra aos atingidos
Na Paraíba, o MAB exige do governo estadual a imediata desapropriação de terras para reassentamento das 900 famílias que foram atingidas pela barragem de Acauã. Destas, 700 famílias ainda não tiveram nenhum tipo de indenização. E as que receberam estão confinadas em quatro conjuntos habitacionais rurais sem o mínimo de infraestrutura necessária para uma condição de vida decente.
Segundo Abel Francisco Andrade, agricultor e dirigente do MAB na região, a situação está insustentável: os camponeses perderam suas casas e terras, as comunidades se desestruturaram e nas novas comunidades à falta de água. Andrade denuncia que antes da barragem, os camponeses tinham terras para produzir e agora as famílias estão passando fome e sede.
— Não é possível que uma barragem construída para reservatório de água esteja beneficiando apenas os grandes fazendeiros e criadores de camarão que estão a jusante e que nossas comunidades necessitem de caminhão pipa para receberem água. Além disso, nós repudiamos a política fundiária baseada no banco da terra. Esta política que o governador quer instalar somente nos endividará, queremos o desmantelamento do latifúndio para que possamos plantar novamente-, finaliza o coordenador. (Com informações do MAB em Campina Grande/PB)