Seca provoca captura de 170 toneladas de peixe vivo em Portugal
2005-08-30
Quase 170 toneladas de peixe vivo foram retiradas de sete represas do Alentejo e Algarve, nas últimas semanas, para evitar uma maior deterioração da água, numa operação gerida pela Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (EDIA). A operação, iniciada no final de julho na maioria das albufeiras, com recurso a equipas de pescadores profissionais, incidiu na algarvia do Funcho e nas alentejanas da Vigia (Redondo), Lucefecit (Alandroal), Vale do Gaio (Alcácer do Sal), Campilhas (Santiago do Cacém), Roxo (Beja) e Enxoé (Mértola).
O serviço de Relações Públicas da empresa gestora do Alqueva revelou, na sexta-feira passada (26/8), que, com excepção da barragem do Roxo, os trabalhos de captura do peixe já terminaram. –Em Campilhas, onde foram recolhidos 200 quilos, e no Funcho, onde os pescadores apanharam 800 quilos, a operação foi rápida e só durou alguns dias, disse Elisabete Barroso, da EDIA.
Mas no Enxoé, onde o excesso de algas na água já levou a que seja apenas aconselhada para lavagens, não para beber, foram apanhadas 34 toneladas de peixe, enquanto que, no Lucefecit, a captura saldou-se em onze toneladas. Nas outras duas albufeiras, os pescadores deram por terminados os trabalhos na última terça-feira, segundo a mesma fonte, com 60 toneladas apanhadas em Vale do Gaio e 20 toneladas na Vigia.
Já no caso do Roxo, que foi alvo de intervenção idêntica logo em Maio (nove toneladas), a operação coordenada pela EDIA ainda está em curso e foi iniciada a 31 de Julho, saldando-se, até ao momento, por 42 toneladas capturadas. –Os trabalhos, a cargo de cinco equipas de pescadores, só devem estar terminados dentro de uns dez dias, adiantou Elisabete Barroso, acrescentando que a estimativa traçada pela Direção-Geral de Florestas aponta para que sejam pescadas, nesse local, um total de 80 toneladas.
A operação visou à remoção de peixes dessas sete barragens para evitar que morressem dentro de água, devido à falta de oxigênio, o que, se ocorresse, implicaria maior deterioração da massa de água, já em quantidade reduzida por causa da seca.
As 168 toneladas de peixe, sobretudo carpas de grande dimensão, retiradas do conjunto das barragens foram utilizadas para fabricar iscos e farinhas e alimentar espécies cinegéticas, como o javali. A operação foi decidida na sequência de um pedido feito pelo governo para que a empresa responsável pelo empreendimento de Alqueva colaborasse com a Direção-Geral de Florestas (DGF). (Ecosfera, 29/8)