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2005-08-29
O reflorestamento é uma tendência mundial e, em Mato Grosso, os empresários deveriam investir mais nesta área, apesar das dificuldades impostas pelos órgãos ambientais. A afirmação é do presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Nereu Pasini, lembrando que apesar de alguns problemas em relação à legislação ambiental, é possível conciliar crescimento econômico com preservação.

Pela legislação, 80% da propriedade localizada em região de floresta amazônica e 35% daquela no cerrado devem ser preservados, fazendo-se o manejo para retirar madeira. Um dos problemas para aqueles que pretendem implantar um projeto de reflorestamento, na avaliação de Pasini, é a demora do retorno do investimento, que acontece a médio e longo prazos.

A falta de visão e o imediatismo daqueles que querem ter lucros a curto prazo, entretanto, é criticada pelo superintendente executivo do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal, Fernando Castanheira, que também esteve em Cuiabá para proferir palestra sobre o tema A floresta nativa, a floresta plantada e as tendências do mercado da madeira , durante a Bienal. — Tem que haver uma mudança dessa mentalidade (mediatista). O investimento em capital é de médio e longo prazos, mas o retorno é muito grande— , argumenta.

Além disso, de acordo com informações da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), o Brasil possui uma das tecnologias mais avançadas para desenvolvimento de florestas plantadas, de reflorestamento e de recuperação de áreas degradadas. — Afora esses fatores de produtividade e de domínio tecnológico, existem outros pontos favoráveis, como as dimensões continentais do país, a facilidade de acesso marítimo e a existência de mão-de-obra qualificada— , sustenta o professor José Luiz Pereira de Resende, da Universidade Federal de Lavras-MG.

Ele acredita que apesar de todas essas vantagens, o aproveitamento da indústria florestal no Brasil ainda é baixo e as empresas já falam em falta de matéria-prima. Em alguns casos, o Brasil já está importando madeira da Argentina, do Chile e do Uruguai. E as previsões, a permanecer o atual quadro, indicam que o déficit deverá crescer nos próximos anos.

Especialista diz que atividade é viável
A certeza do retorno no investimento, bem como os custos de produção para o plantio, principalmente da espécie eucalipto, tornam a atividade florestal viável - e rentável - no Brasil. — Reflorestar é um grande negócio. Tem retorno garantido para quem acredita na atividade e é imprescindível para as gerações futuras— , afirma o professor José Luiz Pereira de Resende, da Universidade Federal de Lavras-MG. Ele foi um dos palestrantes da Bienal dos Negócios da Agricultura, falando sobre Custos de produção em reflorestamento .

Segundo o especialista, o Brasil é reconhecido como a nação mais competitiva do mundo para a produção de madeira por meio de florestas plantadas. A produtividade é excepcional, em virtude do solo e do clima tropical, chegando a ser até 10 vezes maior do que a de outros concorrentes. O eucalipto e o pinus crescem muito mais rapidamente do que nos países do Hemisfério Norte, líderes na produção mundial. — Enquanto no Brasil uma árvore de pinus leva 14 anos para chegar à idade de corte, no Hemisfério Norte demora no mínimo 40 anos, exemplifica. Com relação ao eucalipto, a precocidade é ainda maior, pois em terras brasileiras ele precisa de apenas sete anos, enquanto nas demais regiões requer de 20 a 30 anos.

— O eucalipto é mais usado também porque é mais rentável economicamente. A produtividade média por hectare, comparativamente a outras espécies, é maior e o custo de produção é inferior— , destaca Resende. — Basta lembrar que no caso do eucalipto, o custo de produção de um metro cúbico da madeira está em torno de R$ 18, contra R$ 35 do pinus. Além disso, o primeiro corte do eucalipto se dá por volta dos sete anos, enquanto o de pinus leva até 20 anos para a primeira produção—, afirma . O custo de produção para a formação de 1 hectare de eucalipto, até aos dois anos, oscila entre R$ 1,2 mil a R$ 1,8 mil, dependendo do tipo de eucalipto a ser cultivado.

Resende informa que o Brasil tem hoje uma grande área plantada de eucalipto (quase 3 milhões de hectares) e é o sétimo maior produtor mundial de celulose (cerca de 6,3 milhões de toneladas/ano), detendo o maior índice médio de produtividade (40 m3/ha). Por ser uma árvore de crescimento rápido, com ciclos de plantação de 6 a 8 anos e de fácil adaptação às mais diferentes condições de clima e solo, o eucalipto passou a ser uma alternativa racional contra a devastação das florestas nativas em diversas regiões do planeta.

Já a teca é usada principalmente na fabricação de esquadrias, devido à sua forte resistência à exposição ao tempo. Também é consumida na produção de móveis, embarcações e decorações. Planta rústica, de rápido crescimento e muito resistente ao fogo, a pragas e a doenças, a árvore tem um forte potencial exportador, sobretudo nos países europes. A tora de desbaste, com diâmetros entre 15 e 20 centímetros, pode ser comercializada no exterior a preços que variam de US$ 700 e US$ 1.200 ao metro cúbico. A teca destaca-se frente ao mogno e outras espécies nativas pela rusticidade e rápido crescimento em altura. (Diário de Cuiabá, 28/08/2005)

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