Reflorestamento: MT será o novo eldorado do Brasil
2005-08-29
Terra fértil, clima excelente e grande potencial florestal. Com vantagens comparativas em relação às melhores regiões do país para se plantar e produzir, Mato Grosso emerge da mata amazônica como o novo eldorado do Brasil para investimentos na área de reflorestamento. Esta visão ficou bem clara após as discussões sobre o futuro do reflorestamento, durante a Bienal dos Negócios da Agricultura, realizada em Cuiabá com a presença de técnicos, produtores e especialistas da área.
— Mato Grosso é a bola da vez para a expansão do programa de reflorestamento no Brasil, assim como foi o Sul da Bahia há algumas décadas— , declara o engenheiro florestal Sebastião Renato Valverde, um dos palestrantes da Bienal. — No Centro Sul e Nordeste observamos que as áreas estão se exaurindo e a tendência é de que as grandes empresas de reflorestamento migrem para Mato Grosso, que tem excelentes aptidões florestais e dispõe de um invejável potencial para atrair investimentos .
De acordo com o superintendente executivo do Fórum Nacional da Atividade de Base Florestal, Fernando Castanheira Neto, o boom de investimentos começou em 1965, com o plantio de 500 mil hectares no Sul da Bahia e hoje já chega a 15 milhões de hectares em todo o país.
Ele aponta o reflorestamento como uma excelente alternativa econômica para o país, chegando a superar até mesmo a agricultura, que enfrenta crises sazonais e é obrigada a descartar a produção em momentos muitas vezes desfavoráveis. — Com o reflorestamento, o investidor tem a possibilidade de manejar a floresta e vender o produto no momento que achar oportuno. Ou seja, o produtor não fica vulnerável à situação do mercado e nem é obrigado a vender a matéria-prima a preços irrisórios, como acontece com a agricultura— , compara.
Na avaliação do engenheiro florestal Sebastião Valverde, mais do que equilibrar o passivo ambiental resultante de anos de exploração desordenada, o reflorestamento é considerado, hoje, um excelente negócio. — Está faltando madeira no mercado. Os preços estão subindo e o mercado é atrativo para este tipo de investimento— , aponta ele.
Doutor em Economia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Valverde coordena cursos sobre gestão ambiental e de formulação de políticas florestais. O tema da palestra dele encerrou os principais questionamentos de quem ainda vê o plantio de árvores como uma atividade dispendiosa e com pouco retorno: Reflorestamento é uma alternativa viável? Tem mercado? Tem renda? . A resposta é incisiva: — Vale a pena plantar floresta. Há mercado para absorver a produção, os preços são atraentes e a atividade é altamente rentável— , assegura o especialista.
— Os produtores já estão fazendo as contas e verificando que reflorestar é um bom negócio. A atividade pode render até mais do que o boi e a soja. Quem não vai querer investir nesta área?— , pergunta o secretário de Desenvolvimento Rural do Estado, Clóves Vettorato, citando um exemplo do resultado que o investimento pode trazer: — Cada mil hectares de área reflorestada pode viabilizar uma indústria de papel e celulose.
A madeira de reflorestamento, principalmente o eucalipto, pode ser usada no mercado de celulose (fabricação de papel), carvão vegetal e já começa até a substituir madeiras nobres como a cerejeira e o mogno. — Você vende por R$ 100 o metro cúbico de eucalipto e não encontra mogno por menos de R$ 400— , lembra o especialista Sebastião Valverde. Sabendo disso, qual o empresário que não preferirá mudar a essência que usa na fabricação de móveis e placas? — Do ponto de vista social e ambiental, tem muito mais vantagens. Gera muito mais emprego do que o desmatamento— , conclui o engenheiro florestal.
Segundo ele, Mato Grosso é o elo entre estes dois mercados: pode produzir eucalipto e pinho e também outros tipos de essências. As condições para isso não poderiam ser melhores, pois o Estado conta com ampla insolação, temperaturas altas e abundância de chuvas. Reunindo tudo isso, a produtividade atinge índices considerados excepcionais. (Diário de Cuiabá, 28/08/2005)