Ambientalistas são processados por salvar bromélias
2005-08-26
Na semana passada, um dos mais jovens e atuantes ambientalistas do país, Rodrigo Agostinho, fundador da ONG Vidágua, e Ivan de Marchi secretário executivo da entidade quase foram presos porque pegaram algumas bromélias de uma área que estava sendo desmatada por um trator de esteira e correntes dentro de Bauru.
As plantas nem ficaram com eles, foram levadas para o Jardim Botânico da cidade. O dono do pedaço, um juiz aposentado, conseguiu autorização para colocar abaixo um raro fragmento de uma área de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado e denunciou os dois para a Polícia por furto com base no artigo 155, IV do Código Penal. O terreno estava sendo limpo para a construção de um loteamento de luxo. Não satisfeito com a acusação, o proprietário ainda mandou cópia do Boletim de Ocorrência para toda a imprensa acusando-os de ladrões. A pergunta que não quer calar: salvar algumas plantas da destruição é furto?
Rodrigo está levando a pior: — Como também sou vereador, a Câmara abriu um processo de cassação, com fundamento no Código de Ética e coordenado pelo Conselho de Ética. O mais irônico é que ele foi o autor da lei que criou o Código e o Conselho de Ética.
Ele acrescenta que o inquérito está correndo super rápido. Mas como a delegada está vendo que não vai conseguir enquadrá-lo por crime de furto, pediu ao Departamento Estadual de Proteção aos Recursos Naturais de SP uma perícia nas bromélias para averiguar se não houve crime ambiental. —É uma situação surreal. Mas está dando uma dor de cabeça gigantesca, desabafa o ambientalista. (RMA, 25/8)