Plano da Petrobrás põe o Brasil no nível de membros da Opep
2005-08-26
O planejamento estratégico da Petrobrás prevê a exportação de 522 mil barris de petróleo por dia em 2010, volume que hoje colocaria o País no mesmo nível de alguns membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), como o Catar e os Emirados Árabes Unidos, e acima do Iraque, cujas exportações estão prejudicadas pela guerra. Mas, por outro lado, as importações vão continuar em crescimento, o que comprova a tese de que a esperada auto-suficiência na produção de petróleo, que será atingida no ano que vem, não tornará o Brasil totalmente independente do mercado internacional.
Segundo os dados divulgados esta semana pela estatal, a empresa estará produzindo, no Brasil, 2,3 milhões de barris por dia em 2010. Desse total, 1,71 milhão serão destinados às refinarias nacionais e outros 68 mil barris serão vendidos para outros consumidores no Brasil.
Os 522 mil barris restantes serão destinados à exportação. No segundo trimestre deste ano, quando apresentou seu melhor desempenho de todos os tempos no comércio internacional, a empresa informou ter exportado uma média de 343 mil barris de petróleo por dia.
Se confirmados os volumes estimados para 2010, o Brasil terá exportações de óleo cru em níveis semelhantes aos dos menores membros da Opep. O Catar, por exemplo, exporta hoje 541 mil barris de petróleo por dia e os Emirados Árabes Unidos, 514 mil barris por dia.
Já o Iraque, cujas exportações foram reduzidas desde a primeira invasão americana, no início dos anos 90, vende ao mercado externo 389 mil barris de sua produção diária.
De todos os membros do cartel internacional, a Arábia Saudita é, de longe, a maior exportadora, com 6,523 milhões de barris negociados diariamente.
Derivados
O aumento das exportações brasileiras, no entanto, será acompanhado de um acréscimo no volume de derivados importados, dos 83 mil barris verificados no segundo trimestre do ano passado para 191 mil barris por dia em 2010.
A conta da estatal inclui compras feitas por outras empresas e reflete o aumento do consumo interno de produtos pouco produzidos no País, como o óleo diesel e a nafta petroquímica.
Acrescentando os 159 mil barris de petróleo cru que serão importados diariamente, as importações totais daquele ano serão de 350 mil barris por dia, o que vai garantir ao País um saldo positivo de 172 mil barris de petróleo e derivados por dia. No segundo trimestre de 2005, o saldo ficou em 110 mil barris por dia.
A expectativa, porém, é que esse valor seja reduzido ao longo do ano, já que o consumo de combustíveis deve voltar a crescer e a produção se mantém estável até a entrada de novas plataformas de produção. (O Estado de S. Paulo, 25/08)