Subsídio à soja pode ser alvo de contestação na OMC
2005-08-25
O Brasil reúne todas as condições para abrir um contencioso na Organização Mundial de Comércio (OMC) contra os subsídios norte-americanos à soja, a exemplo do que já fez com o açúcar e o algodão. Esta é a opinião do ex-secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Pedro de Camargo Neto.
O executivo, que atualmente preside a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), falou anteontem à noite para mais de 90 empresários rurais, durante o Agri Forum 2005, que estará sendo realizado até hoje, na Ilha de Comandatuba, na Bahia. Camargo Neto, negociador brasileiro responsável pelo sucesso dos casos de algodão e açúcar na OMC (Organização Mundial do Comércio) falou sobre o tema Como virar o jogo dentro das regras: O papel estratégico do Brasil no Comércio.
Para Camargo Neto, a ajuda dada pelo tesouro norte-americano aos sojicultores daquele país configura um caso de ameaça aos exportadores brasileiros e merece ser contestada pelo governo brasileiro. E mais. Para ele, o Brasil teria amplas chances de vitória na OMC.
— Trata-se de uma situação mais fácil do que o do algodão (vencida pelo Brasil), quando não havia nenhum caso de outro país que houvesse contestado subsídios agrícolas. Agora há jurisprudência -, explica.
Questionado sobre a postura do governo brasileiro nas negociações internacionais, Camargo Neto afirmou que falta ousadia ao Itamaraty.
— As prioridades do atual governo no cenário internacional foram políticas. Infelizmente, nós perdemos todos os nossos pleitos (como um assento no Conselho de Segurança da ONU). Teríamos ganhado muito mais se tivéssemos priorizado a área comercial -, justifica Camargo Neto.
Em sua 2ª edição, o Agri Forum tem como tema principal Estratégias competitivas para 2005/2006, e estão reunidos desde sábado, dia 20, os 90 maiores agroempresários do país, divididos de acordo com suas culturas: Produtores de grãos e fibras (soja, milho, algodão e arroz irrigado), Pecuaristas (bovinocultura de corte), com atividade integrada com grãos, presidentes de cooperativas, Cafeicultores e usineiros.
É a segunda vez que os maiores nomes do agronegócio brasileiro se reúnem para trocar informações, experiências, gerar relacionamento e novos negócios. Estima-se que um terço de toda a produção brasileira esteja reunida no Agri Forum 2005. (Diário de Cuiabá, 24/08)