Incêndio na floresta de Carajás avança e consome área em Serra Pelada
2005-08-24
A área do incêndio na Floresta Nacional (Flona) de Carajás, localizada no município de Parauapebas, já atinge 584 hectares, isto é, cresceu 84 hectares nos últimos sete dias. Para se ter uma idéia dos estragos, a área consumida pelo fogo corresponde a mais de 500 campos de futebol do tamanho do Mangueirão, localizado em Belém. A última informação repassada ontem pelas equipes do Corpo de Bombeiros que atuam na área era de que o fogo já havia chegado a alguns pontos de Serra Pelada, onde funcionou o maior garimpo do país. Nem toda essa extensão, porém, está destruída, já que nas áreas com maior umidade e vegetação verde o grau de queima foi menor. As áreas mais prejudicadas situam-se na reserva de extração mineral da Serra de Carajás.
De acordo com o capitão Roberto Pamplona, que comanda a operação na região, uma equipe de 15 homens do Corpo de Bombeiros integrou ontem o grupo que se dirigiu para a Serra Pelada e que incluiu ainda agentes da Defesa Civil de Parauapebas. Segundo o capitão, o controle do incêndio, que já dura 24 dias, depende principalmente de chuvas na região. A missão dos bombeiros é eliminar por completo todos os focos de incêndio. O incêndio na Flona de Carajás começou no último dia 31 de julho, mas somente o laudo final da perícia, que deverá sair nos próximos 15 dias, é que vai apontar a real causa do desastre. A Flona Carajás tem 411,9 mil hectares.
Quando foi criada, em 1998, a concessão para atividades de pesquisa e lavra mineral que a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) já realizava na área foi mantida. Este não é o primeiro incêndio de grande dimensão na floresta, que em 2003 já queimou por cerca de dez dias, também no mês de agosto. Na ocasião foram destruídos cerca de 550 hectares de 325 mil hectares da floresta nacional onde está instalado projeto da Companhia Vale do Rio Doce. Só este ano, a Flona de Carajás já passou por outros sete focos de incêndio. A principal razão, segundo peritos do Corpo de Bombeiros, é que a área já foi muito modificada pela ação humana, principalmente por causa da mineração. No entanto, os outros focos ocorridos este ano foram rapidamente controlados e não causaram grandes estragos.
Carajás: laudo do incêndio em 30 dias
O Corpo de Bombeiros do Pará vai divulgar, dentro de 30 dias, o laudo sobre o incêndio na mata denominada N3, em Carajás, no Sul do Pará. Extraoficialmente, foi adiantado que a causa do incêndio, que acontece desde o dia 31 de julho, seja a intervenção humana. No último fim de semana, foram identificados mais dois focos de incêndio no Sul do Pará, um na Serra do Sossego e outro na Serra do Leste. Apesar disso, o capitão e perito do Corpo de Bombeiros, Roberto Pamplona, que chegou ontem de Carajás, garante que os dois incêndios detectados não estão vinculados ao que acontece na N3 e que estão controlados. Com o objetivo de investigar e emitir um laudo sobre a verdadeira causa do incêndio, os militares saíram de Belém, na última quarta-feira, para o local do incêndio.
A comissão de peritos é formada pelos capitães bombeiro Aristides Furtado e Roberto Pamplona, e tenente Manoel Souza. Devido a dificuldades territoriais, o laudo que estuda a causa e os danos do incêndio só será completado nos próximos dias. O capitão Roberto informa que cerca de 584 hectares já foram destruídos pelo fogo, mas, até o momento, não foram detectadas mortes de animais, porque o foco de incêndio não era em floresta densa. Segundo informações oficiais, o incêndio na Serra de Carajás encontra-se na fase do rescaldo. Cerca de 30 bombeiros, dos quartéis especializados no combate de incêndio florestal, tentam acabar com o fogo. Paralelo a isso, os bombeiros atuam na área preventiva, para evitar novos focos de incêndio, bem como riscos à saúde da população e dos animais.
A principal dificuldade da área é o acesso aos principais focos de incêndio. Os bombeiros realizam um trabalho que inicia a partir das 6h e encerra às 18h. No local já foram utilizados cerca de 631 mil litros de água, por meio de 18 lances de mangueiras com 30 metros cada. A água é retirada de uma Estação de Tratamento de Água (ETA), localizada a dez minutos do incêndio. O comandante da operação, major Mário Moraes, observou que o fogo está na superfície e na fase mais frágil da ação, que é a neutralização das brasas, através de técnicas de extinção, a chamada operação rescaldo. Diante disso, o órgão faz uma ação preventiva, para evitar novos focos de incêndios. A assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros Militar, que se encontra no local do incêndio, informou que diariamente o comandante da operação sobrevoa o local e faz um monitoramento de área. O objetivo é definir e mensurar uma “radiografia” da floresta, para avaliar as estratégias de extinção do incêndio. (Amazônia.org.br, 23/08)