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2005-08-24
Desde 2001 a Cetesb (agência ambiental paulista) tinha conhecimento da contaminação da água na área que pertence à empresa Gillette do Brasil, na região de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Apesar disso, a interdição de sete poços artesianos de empresas instaladas no entorno aconteceram somente neste mês.

O diretor de controle da poluição ambiental da Cetesb, Otávio Okano, nega que a empresa tenha demorado para agir. Ele diz que, após receber uma autodenúncia, outros fatores precisam ser analisados para confirmar a contaminação, o que demanda tempo.

A Gillette adquiriu a área -que pertencia à Duracell- em 1996 e fez um relatório ambiental da propriedade. No local, a empresa constatou a presença de solventes clorados, que são substâncias tóxicas, na água e no solo.

Laudo da Cetesb, de março deste ano, obtido pela Folha aponta a presença de cloreto de vinila, dicloroetano, dicloroeteno, tetracloroeteno e tricloroeteno muito acima dos padrões permitidos pelo Ministério da Saúde.

A presença dessas substâncias confirmou a contaminação de parte do aqüífero (reservatório de água subterrânea) da região, entre as pontes Interlagos e do Socorro.

A exposição prolongada a esses compostos podem causar danos aos rins, fígados e sistema nervoso central. Todos eles têm potencial cancerígeno. O cloreto de vinila, por exemplo, que é considerado o mais tóxico de todos, está 47 vezes acima do limite permitido em um dos poços analisados.

Ronald Pereira Magalhães, gerente da agência da Cetesb em Santo Amaro, disse que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) e a Vigilância Sanitária do município farão um mapeamento dos prédios e empresas que usam água de poços artesianos na região para analisar a qualidade da água.

— Se ficar constatado que há contaminação, será necessário que esses locais passem a utilizar a água fornecida pela Sabesp -, diz. Magalhães afirma, entretanto, que ainda não é possível saber a origem da contaminação nem a sua dimensão.

O promotor do meio ambiente Geraldo Rangel afirmou ontem que instaurou um inquérito para apurar o caso.

— Nossa preocupação é que a população não faça uso dessa água contaminada.

Segundo ele, é possível descobrir o responsável pela contaminação. — Vamos estudar quais empresas passaram pela área. Será possível identificar a causadora a partir da análise das substâncias encontradas na água -, afirmou.

A Gillette já iniciou o processo de remediação da área para controlar a expansão da contaminação. A empresa instalou bombas de filtragem da água por meio do carvão ativado, material que possui poros que são capazes de reter os solventes contaminantes.

Segundo Magalhães, após ser monitorada, essa água que já estará descontaminada poderá ser devolvida para a rede pública.

Empresas tiveram poços lacrados
Três das seis empresas da área contaminada na zona sul da capital que tiveram os poços artesianos lacrados dizem não ter sido prejudicadas com a medida.

Foram vistoriadas as áreas da Viena Delicatessen, da MWM-Internacional Motores, da Ergomat, do Auto Posto Sucesso, da Unipac e do Refúgius Motel. No total, foram fechados sete poços.

Em nota, o Grupo Viena -cujo poço artesiano apresentou um dos maiores índices de contaminação- informou que a empresa utilizava e utiliza água da Sabesp para confecção de alimentos. A nota diz ainda que a água do poço artesiano, que é registrado pelo DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica), era utilizada somente em área externa, para lavagem do chão e de caminhões. Hoje, essa lavagem é feita com água da Sabesp.

Segundo Ronald Pereira Magalhães, gerente da agência da Cetesb em Santo Amaro, o Grupo Viena não usa esses compostos e, em tese, foi atingido por uma contaminação de fora.

— Vamos analisar se, no passado, essa área foi utilizada por outra empresa que eventualmente tenha contaminado o local -, afirmou.

De acordo com a MWM-International Motores, que teve dois poços lacrados, a empresa utiliza somente água da Sabesp para todas as suas operações internas -limpeza, banhos, produção de alimentos e manufatura.

— Os poços artesianos já estavam lacrados quando da fiscalização do DAEE -, informou a assessoria de imprensa da MWM. O gerente da Cetesb afirmou que a MWM já iniciou um estudo de impacto ambiental da área afetada.

Segundo o gerente de engenharia da Unipac, José Carlos Lage, o poço lacrado em sua área também não era utilizado pela empresa. — Desde que mudamos da Mooca para cá, usamos a água da Sabesp. Mas não sabíamos da contaminação-, disse. As outras empresas, procuradas pela reportagem, não responderam aos recados deixados.

Segundo o DAEE, em reuniões entre o departamento, a Cetesb e as Vigilâncias Sanitárias do município e do Estado, ficou definido que, para manter a outorga de utilização da água num raio de 500 m do local contaminado, deverão ser apresentadas novas análises de água. O mesmo procedimento será pedido posteriormente aos usuários que estejam localizados em áreas mais distantes.

Procedimentos não são rápidos, afirma agência
O diretor de controle da poluição ambiental da Cetesb, Otávio Okano, disse que, após receber uma autodenúncia -como a feita pela Gillette do Brasil-, existem outros fatores importantes que precisam ser analisados para confirmar uma denúncia de contaminação, o que demanda mais tempo de investigação.

— Esses procedimentos demoram porque dependem de estudos que comprovem realmente a gravidade do problema. Uma investigação detalhada não se faz em um mês e eu preciso ter certeza da gravidade antes de tomar uma medida -, diz.

Okano disse que desde 2002 as empresas precisam renovar a licença de funcionamento e, para isso, precisam apresentar um relatório ambiental da área. — Dependendo dos produtos manipulados, isso precisa ser feito a cada dois anos -, afirmou. (Folha de S.Paulo, 23/08)

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