Cana é alternativa energética para o Brasil
2005-08-24
Uma velha conhecida dos brasileiros, a cana-de-açúcar, é capaz de gerar energia elétrica limpa e abundante para o país. É preciso, porém, que sejam feitas políticas adequadas para estimular o desenvolvimento de tecnologias desse tipo a baixo custo. A conclusão é de um projeto feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia e com o GEF (Fundo para o Meio Ambiente Mundial), o Geração de Energia Elétrica por Biomassa, Bagaço de Cana-de-Açúcar e Resíduos, desenvolvido entre 2002 e 2004.
Os resultados alcançados pelo projeto serão apresentados e discutidos no seminário Alternativas Energéticas a partir da Cana-de-Açúcar, em Piracicaba, no interior de São Paulo, nós próximos dias 30 de agosto e 1º de setembro. Além da apresentação, haverá um painel para discutir as novas tecnologias que podem fortalecer a geração de energia por meio de resíduos da produção do álcool e do açúcar.
— Produzir grandes quantidades de energia nas usinas exige grandes quantidades de cana -, explica um dos coordenadores do projeto, que está também organizando o seminário em Piracicaba, Suleiman José Hassuani, do Centro de Tecnologia Canavieira — um dos parceiros da iniciativa.
O objetivo do projeto era exatamente descobrir como aproveitar ao máximo a matéria-prima para a geração de eletricidade com os custos mais baixos possíveis.
O processo mais comum para gerar energia através da cana é o que utiliza o vapor. A queima do bagaço aquece a água do sistema da usina, e o vapor movimenta turbinas ligadas a geradores de eletricidade. Uma nova tecnologia, que será uma das discutidas no segundo dia de evento em Piracicaba, produz gás combustível a partir da planta.
O bagaço, nesse caso, é colocado dentro de um tubo com pouco oxigênio, chamado gaseificador. Devido à falta de ar, a queima não é completa e gera gases combustíveis. São esses gases que movimentam então as turbinas e os geradores.
Essa tecnologia a gás gera duas vezes mais energia que o processo a vapor, mas também custa o dobro.
— As usinas de cana-de-açúcar têm condições de produzir tanta energia quanto uma Itaipu. É possível, mas é preciso haver políticas adequadas para isso -, defende Hassuani. Segundo ele, da mesma maneira que o setor canavieiro se uniu para fortalecer a produção do álcool como combustível, o mesmo trabalho poderá ser feito agora para a geração de energia elétrica, forçando custos mais baixos.
A utilização da cana-de-açúcar como combustível é especialmente interessante por formar o chamado ciclo fechado: a planta é capaz de absorver o gás carbônico, que é liberado na atmosfera durante a combustão da cana para gerar energia. Dessa maneira, o poluente produzido é consumido pela plantação, e não há danos ao ambiente. (PNUD Brasil, 24/08)