Os países asiáticos atingidos pelo tsunami de dezembro do ano passado devem ajudar financeiramente as comunidades locais a plantar novos mangais, florestas que protegem a zona costeira contra futuras catástrofes naturais, aconselham vários peritos reunidos numa conferência em Kuala Lumpur, capital da Malásia.

Vários países atingidos pelo tsunami – que matou cerca de 188 mil pessoas – lançaram programas de plantação de mangais nas suas costas, como proteção natural contra eventos semelhantes. A Indonésia pretende revitalizar 600 mil hectares de mangais. Mas esta estratégia vai fracassar a menos que os governos convençam as comunidades locais dos benefícios econômicos que podem retirar dos mangais – madeira, ervas medicinais e melhores condições para a abundância de peixe, consideram os especialistas.

–Precisamos de pensar na criação de riqueza para as povoações das zonas costeiras, disse Chris Gordon, da Universidade do Gana. No entanto, o sucesso de muitas das estratégias é limitado pela má concepção e gestão, alerta Faizal Parish, do Global Environmental Centre, organização não governamental da Malásia. –É preciso fazer alguma coisa rapidamente mas, da nossa perspectiva, era melhor existir um plano estratégico, considerou.

As árvores levam cinco anos a tornarem-se maduras, acrescentou, por isso é essencial convencer as povoações locais a tratar delas até lá. Uma forma de o conseguir é através de programas de crédito que emprestam dinheiro às pessoas para comprarem animais como galinhas ou patos, disse Parish. Mas em vez de pagar o empréstimo, é exigido às pessoas que plantem mangais. Faizal Parish explicou que foram plantadas 300 mil árvores na ilha de Java, nos últimos cinco anos, no âmbito de um programa semelhante.

Parish estima que os governos da Indonésia, Índia, Malásia, Sri Lanka e Tailândia precisem de gastar mais de 24,5 milhões de euros para plantar mangais e outra vegetação costeira nos 1300 quilômetros das suas zonas litorais. A conferência sobre gestão dos ecossistemas costeiros para mitigar tsunamis é organizada da pelas Nações Unidas, pelo International Society of Mangrove Ecosystems e outras organizações. (Público PT, 23/8)