Fiscalização comunitária contra pesca ilegal aumenta em 528% o estoque de peixes no Amazonas
2005-08-23
Em um ano, o projeto Manejo Comunitário dos Recursos Pesqueiro, executado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável (IDS) de Fonte Boa, conseguiu aumentar em mais de cinco vezes (528%) o estoque de pirarucu dos 49 lagos do setor Maiana, rio afluente do Solimões.
A pesca do pirarucu é proibida. Ela só pode acontecer em sistema de manejo, ou seja, de forma controlada, com zoneamento dos rios e lagos, com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). —Neste um ano, os pescadores se revezaram, em sistema de rodízio, para impedir a pesca predatória no setor Maiana. O resultado foi que, quando o projeto iniciou, o estoque de pirarucu na região era de 638 peixes. Hoje já são 3.373 adultos-, explicou Luís Henrique de Almeida, engenheiro de pesca do IDS.
O IDS é uma órgão da prefeitura de Fonte Boa, município do Médio Solimões, no Amazonas, com população estimada de 35,7 mil habitantes (segundo o IBGE).
O estoque de pirarucu corresponde ao número de peixes adultos (com mais de 1,5 quilogramas) cuja pesca está autorizada pelo Ibama. —Quando a população de peixe nos lagos aumenta, cresce também a renda do pescador-, comemorou Edilson Borges, vice-presidente da Associação de Pescadores de Fonte Boa.
São R$ 300 mil durante três anos (de julho de 2004 a julho de 2007), para construção de três flutuantes (dois serão postos de fiscalização e o outro, a sede da Associação de Pescadores). Além disso, as 16 comunidades do setor Maiana, nas quais vivem cerca de 960 pessoas, estão recebendo apoio técnico e operacional para fortalecer o trabalho de manejo do pirarucu e de fiscalização dos lagos.
Segundo Almeida, o projeto está indiretamente também ajudando a aumentar o número de lagos manejados do município: no ano passado, eram 152; neste ano, já são 241 (de um total de aproximadamente 800 lagos). —Toda a experiência do setor Maiana, estamos levando para outras áreas do município. Ou seja, estamos replicando a idéia, tanto na organização comunitária quanto na contagem do pirarucu e na fiscalização tipo rodízio-, contou ele.
O projeto é fruto de uma parceria com a Associação de Pescadores de Fonte Boa, que tem 600 associados, e é financiado pelo Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (ProVárzea/Ibama). É um subprograma do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropiciais do Brasil (PPG7), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e financiado com verba da cooperação internacional. (Agência Brasil, 22/8)