ONGs sofrem redução de verbas nos últimos anos
2005-08-23
A miséria em países africanos e asiáticos e a desigualdade social no leste europeu são alguns dos principais fatores que têm feito agências internacionais desviarem o foco dos investimentos na América Latina. No Brasil, assim como no Ceará, isso vem acontecendo desde os anos 90. Porém, agora a situação está mais apertada.
Os organismos estrangeiros querem resultados de anos de investimento para, dependendo das conseqüências, continuarem investindo em projetos coordenados por Organizações Não Governamentais (ONGs) locais.
No Ceará, 19 dessas instituição são filiadas à Associação Brasileira de ONGs (Abong). De acordo com o coordenador regional da entidade, Oscar Arruda D’Alva, o problema existe, mas nenhuma ONG aqui chegou a fechar com a redução de recursos internacionais.
Ele explica que as primeiras entidades a sentirem processo semelhante foram as do Sul e Sudeste, quando as agências internacionais priorizaram investimentos no Norte e Nordeste do Brasil. Depois esses organismos internacionais passaram a considerar que o Brasil já possui recursos públicos e empresas que podem investir em ONGs locais.
Isso, na análise de D’Alva, vem se intensificando desde a década de 90. — No primeiro momento é um impacto, mas todas as entidades estão buscando diversificação -, observa.
Entre as entidades filiadas à Abong, segundo informações fornecidas pela Associação em nível nacional, duas têm 100% das fontes de recursos em agências internacionais e uma outra, 99%. Entre as entidades cearenses ligadas à Abong, o volume de recursos, oriundo das mais diferentes fontes, varia de R$ 100 mil a R$ 600 mil ou mesmo R$ 1 milhão.
Três das entidades não disponibilizam esse tipo de informação na página eletrônica oficial da Abong. Outras diversificam suas fontes financeiras entre agências internacionais de cooperação, comercialização de produtos e venda de serviços, órgãos governamentais municipais, estaduais, federais, contribuições associativas, empresas, fundações ou institutos empresariais brasileiros, agências multilaterais e bilaterais. (Diário do Nordeste, 22/08)