Projeto de preservação ambiental discute uso do solo e da água
2005-08-23
A unificação da linguagem dos projetos ambientais de conservação do solo e da água é o objetivo das 30 instituições participantes do Fórum Estadual de Solo e Água. A iniciativa, que pretende tornar-se referência nacional na área ambiental, foi contemplada no prêmio O Futuro da Terra 2005, na categoria Preservação Ambiental. Dentre os participantes do projeto estão entidades de pesquisa, ensino e assistência técnica, além das cooperativas.
O Fórum vai participar da discussão nacional sobre a legislação de uso do solo agrícola. A primeira reunião federal sobre esse assunto acontece na próxima semana. —Queremos debater de forma técnica-, explica o coordenador do Fórum e diretor técnico da Emater do Rio Grande do Sul, Ricardo Altair Schwartz.
O objetivo é estimular ações relacionadas ao uso e manejo conservacionista do solo e da água, formar grupos de trabalho para elaborar e executar diagnósticos e propor políticas públicas. —É um esforço entre as instituições para amenizar os problemas de erosão e degradação do solo e de contaminação das águas no Estado-, define Schwartz.
Outro passo é a elaboração de um livro que trata do uso do solo e como enfrentar as enxurradas que causam erosão no terreno. A pesquisa conta com a participação de diversos pesquisadores. Todos os projetos de monitoramento do solo e da água dependem ainda de financiamento para serem executados.
Schwartz lembra que o Estado sofreu uma revolução nos últimos anos em termos de utilização do solo. Foi adotado o plantio direto em cerca de 4 milhões de hectares em um total de 6 milhões de hectares plantados com soja e milho. No plantio direto não há revolvimento da terra, permitindo que o solo fique sempre coberto, reduzindo o problema da erosão. Com a utilização deste tipo de lavoura, os agricultores acreditavam que a erosão estaria completamente resolvida, mas esta tese não se confirmou. —O problema é que substituíram as plantações do tipo terraço pelo plantio direto de forma equivocada. Assim, os picos de erosão começam a aparecer novamente-, ressalta o diretor.
O fórum agora debate sobre como controlar as enxurradas utilizando a prática de plantio direto com terraços na lavoura. O ideal, segundo Schwartz, seria combinar as duas práticas. A cobertura permanente do solo com plantas vivas ou com resíduos de plantas, observada no sistema de plantio direto, possui potencial para reduzir em até 100% a energia erosiva das gotas de chuva. Contudo, não apresenta essa mesma eficácia para controlar o potencial erosivo da enxurrada na superfície do solo. O terraceamento, um sistema já reconhecido, é a estrutura hidráulica mais eficaz para a segmentação. Entretanto, com base em observações de que o sistema de plantio direto dispensa o terraceamento, como prática complementar para o controle de erosão, desencadearam-se retiradas indiscriminadas de terraços de lavouras conduzidas sob o sistema de plantio direto na Região Sul do Brasil.
O fórum, instituído em 2002, a exemplo do papel cumprido pela Cessolo na década de 70, vem imprimindo a comunhão de conceitos e atitudes em agricultura conservacionista em torno da incessante expectativa de alcance de uma agricultura competitiva, porém comprometida em prover respeito ao ambiente e segurança alimentar. (JC, 23/8)