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2005-08-22
Uma área na região de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, entre as pontes Interlagos e do Socorro está contaminada com solventes clorados, altamente tóxicos, que podem provocar danos nos rins, fígado e sistema nervoso central, além de serem potencialmente cancerígenos.

A contaminação chegou a pelo menos cem metros de profundidade e atingiu parte de um aqüífero (reservatório de água subterrânea). A água normalmente é captada por empresas privadas por meio de poços artesianos. O mesmo recurso pode ser utilizado para abastecer casas e edifícios.

O problema foi descoberto depois que a indústria Gillette do Brasil fez um relatório ambiental da planta da Duracell (empresa que o grupo adquiriu em 1996), instalada na região, e apontou a presença dos solventes cloreto de vinila, dicloroetano, dicloroeteno, tetracloroeteno e tricoloeteno na água e no solo. A Gillette diz que nunca usou a área para fabricar nenhum de seus produtos.

Os dados foram repassados para a Cetesb (agência ambiental paulista), que fez uma análise do entorno da área (em cerca de 1 km2) e encontrou outros sete poços artesianos contaminados com as mesmas substâncias. Todos eles foram interditados. O gerente da agência da Cetesb em Santo Amaro, Ronald Pereira Magalhães, disse que outras análises ainda serão feitas para determinar a extensão da contaminação.

— Não é possível afirmar a origem do problema. Outras empresas manipulam os mesmos compostos e podem também ser responsáveis pela contaminação.

Segundo ele, a situação é grave e é necessário impedir o uso indiscriminado dessa água, especialmente em poços clandestinos. — O problema está muito disperso, mas isso não significa que o aqüífero inteiro esteja contaminado.

O toxicologista Eduardo Mello de Capitani, coordenador do Centro de Controle de Intoxicação da Unicamp, disse que os efeitos dos compostos no organismo dependem do tempo de exposição e da quantidade absorvida.

— Essa água está condenada. Quem a utiliza para cozinhar, escovar os dentes e principalmente beber está em contato direto com as substâncias, mesmo que diluídas. Essas pessoas podem sofrer problemas a longo prazo.

Segundo Ricardo Hirata, professor do Instituto de Geociências da USP e especialista em águas subterrâneas, os solventes podem ficar por muito tempo nas águas subterrâneas.

— O primeiro passo é identificar a origem para impedir a chegada dessas substâncias na água. Para barrar a expansão dos compostos na água, é preciso fazer a remediação do aqüífero para chegar a níveis fora de risco. É uma técnica cara e demorada. (Folha de S.Paulo, 22/08)

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