Brasil pode ser maior fornecedor de biodiesel
2005-08-22
Com o fim das reservas de petróleo, o Brasil vai ser a principal fonte mundial de combustíveis renováveis e limpos, o biodiesel. A afirmação é do físico e engenheiro civil José Walter Bautista Vidal, um dos principais pesquisadores do biodiesel do Brasil e responsável pela implantação do Proálcool no País, há 27 anos. Para o cientista, o Brasil, por ser um país tropical, tem a principal fonte de energia para a produção de biocombustível: sol e água em abundância. E por causa disso, defende Vidal, a sociedade precisa discutir a questão e tomar uma posição para evitar uma invasão estrangeira. - O petróleo vai esgotar. O Iraque é energia do passado. E quando isso acontecer o Brasil vai ser um país decisivo para o futuro. Então precisamos nos preparar, principalmente tecnologicamente - , afirmou Vidal. - E estes patrimônios naturais querem ser tomados - , completou. Por enquanto não houve um incentivo significativo do governo federal para a produção do biodiesel e por isso o País está na fase de pesquisas, explica o cientista. Porém, uma das provas do potecial brasileiro, segundo ele, foi Proálcool. - O Brasil foi o primeiro no mundo a criar um substituto para o derivado do petróleo.
O cientista demostra alguns dos pontenciais do Brasil: - Pesquisas da Embrapa já mostraram que é possível plantar 40 milhões de hectares de dendê na Amazônia com alta produtividade. E também já está comprovado que o dendê é um óleo que renderia, com esse tamanho de plantação, 800 milhões de barris por dia de óleo diesel. Ele ainda tem maior potência que o diesel convencional e não é poluidor. O cientista explica ainda que o dendê leva de três a quatro anos para começar a produzir e fica 40 anos produzindo. Além disso, segundo Vidal, os óleos vegetais têm estrutura química parecida e, se retirar um elemento chamado glicerina da fórmula, é possível usá-lo nos automóveis sem nenhum problema. Isto é, é uma mudança barata, já que a indústria automobilística não precisa se adaptar.
Além do biocombustível, o óleo vegetal é uma matéria-prima importante. Um exemplo é o óleo extraído da mamona. Segundo Vidal, diversos produtos podem ser feitos do óleo da mamona, que hoje é desperdiçado. O mesmo acontece com o óleo de soja, que, por exemplo, produz boa parte dos produtos plásticos que ficam em contado com a pele, como hastes de óculos. Os produtos químicos podem causar alergias. É justamente por isso que diversos países compram do Brasil a matéria-prima (soja em grãos e óleo). - O problema disso tudo é que o governo não está tratando tudo isso com o ritmo necessário -, finalizou o professor.
Paraná investe em pesquisa
O físico e engenheiro civil José Walter Bautista Vidal esteve ontem em Curitiba para discutir a programação de um ciclo de palestras que vai dar nas cinco universidades estaduais sobre o tema no final de agosto e em setembro. A iniciativa é da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que está investindo R$ 2 milhões na implantação de uma planta semi-industrial para produção de biodiesel e em pesquisas na área. - Estamos investindo na área de pesquisa e cultivo para fornecer oleaginosas para o biocombustível. Vamos analisar quais as oleaginosas são mais eficientes, com menor custo, para daí se implantar uma produção - , explicou o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi. Do total, serão gastos R$ 1,4 milhão na planta, que está em fase de licitação, e R$ 800 mil em pesquisas, que vão ser realizadas em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. (Página Rural, 19/08)