Orgânicos ganham mais espaço nas gôndolas
2005-08-22
Os alimentos orgânicos (livres de agrotóxicos), mesmo associados à saúde, afastavam o consumidor porque custavam caro. Há cerca de dez anos, quando a onda dos produtos saudáveis começou a ganhar mais adeptos no país, uma simples alface orgânica custava até 200% mais que um a verdura cultivada com insumos agrícolas. Hoje, o percentual varia entre 20% e 30%. O motivo: o aumento da produção e a diversificação de itens. Antes, eram apenas hortaliças, mas atualmente já é possível incluir cereais, café e até mel orgânico no carrinho de compras.
O Rio de Janeiro é um dos principais mercados para os alimentos orgânicos. Segundo dados do Ministério da Agricultura, dos R$300 milhões que o segmento movimenta no Brasil, R$100 milhões ficam no estado. Em grandes redes de supermercados ou no pequeno comércio de bairro, o setor cresce, em média, 30% ao ano, contra 15% no resto do mundo. Números que despertam o interesse de grandes redes em oferecer produtos variados para o consumidor que quer produtos mais saudáveis e pode pagar um pouco mais por isso.
Aumento da produção pode reduzir mais os preços
Segundo Leonardo Miyao, diretor de Comercialização de Frutas, Legumes e Verduras do Grupo Pão de Açúcar (que inclui as redes Sendas, Pão de Açúcar, Extra e Barateiro), já houve uma grande evolução no sortimento de produtos mais ainda há um longo caminho a percorrer para que os preços dos orgânicos possam chegar ao mesmo patamar dos alimentos convencionais. A venda de orgânicos nas lojas do grupo respondem por 4% do total de frutas, legumes e verduras. A meta da empresa é dobrar este percentual.
— Antes de mais nada é preciso incentivar o consumo. Com o aumento da demanda, a produção acompanha o ritmo, garantindo um abastecimento contínuo e, desta forma, os preços podem ficar ainda mais em conta. O alimento orgânico não tem o custo dos insumos e essa não é uma vantagem apenas do ponto de vista da saúde, como também de formação de preço — avalia Leonardo.
A aposentada Nadir Sena de Almeida Fernandes costuma incluir na lista do supermercado alguns alimentos orgânicos. Segundo ela, os preços estão mais baixos, mas ainda são um impedimento.
Rede vende três toneladas de orgânicos por ano
— O preço está menor, mas ainda não dá para fazer uma feira inteira de alimentos deste tipo. Há três anos, o repolho orgânico custava R$3, enquanto um convencional saia por R$0,40. Hoje, já encontro o repolho por R$1,50. A alface hoje custa R$1,80 e a comum custa R$1. Quando a diferença não é tão grande, vale a pena apostar em produtos mais baratos — diz.
A rede Hortifruti oferece 70 itens e vende cerca de três toneladas de produtos orgânicos por ano. A meta é fechar 2005 com a venda de cinco toneladas, segundo Marcos Damásio, Gerente de Orgânicos da Hortifruti.
A empresa criou até uma marca própria para os orgânicos, a Frutifique. Um fornecedor exclusivo garante 40% da produção e o restante vem de fazendas do interior do Rio e do Espírito Santo. Para incentivar o consumo de orgânicos, o Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento promoverá em setembro a semana dos alimentos orgânicos no Rio. (O Globo, 20/08)