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2005-08-19
Por Philipp Stumpe* Já são mais do que três meses: o Ministério do Meio Ambiente (MMA) vem prometendo criar novas Unidades de Conservação (UCs) para a Floresta com Araucárias. Enquanto isso, as araucárias caem, e não apenas na região do Rio Pelotas, onde está sendo criado o lago da usina hidrelétrica de Barra Grande.

A história da exploração da Floresta Ombrófila Mista remonta ao século XIX. Na metade do século XX a devastação atingiu seu auge, desencadeando até uma guerra, a do Contestado, no decorrer da qual milhares de agricultores foram mortos, muitas vezes sumariamente fuzilados pelo exército.

Fragmentada essa floresta a menos de 3% da sua área original de distribuição, os esforços de certas parcelas do setor madeireiro e empresarial para acabar com o pouco que ainda resta das florestas com Araucárias, não cessam. Chegam a ganhar dimensões cada vez mais grotescas.

Inacreditável, contudo, é o discurso que se ouve em Santa Catarina e no Paraná. No estado que compartilha parte de um sinônimo da araucária (Pinheiro-do-Paraná), certos deputados reagem ao empenho de se criar áreas protegidas de forma bastante dúbia, vociferando que técnicos do MMA e de ONGs estariam querendo tirar proveito pessoal com a proteção das araucárias. Um absurdo que se junta a outros: deputados e prefeitos, até um governador de estado chegaram a esbravejar que a criação dessas UCs iria gerar desemprego e pobreza naquelas regiões.

Cursaram pela imprensa regional números estranhos: — Meus avós escutaram na rádio que se esse Parque for criado, eles e milhares de outros agricultores serão deportados pro Nordeste-, conta o biólogo Ezequiel, cuja família vive na região de Passos Maia, onde se pretende criar o Parque Nacional das Araucárias.

Continuando com números, desta vez com alguns que a imprensa não lembrou de divulgar: as UCs a serem criadas no PR e SC perfazem cerca de 970 km², representando cerca de 0,003% da soma da superfície desses dois estados; outrora, a araucária se estendia por cerca de 40% dos seus territórios. Proteger essas araucárias irá trazer pobreza e desgraça, já que a economia dos dois estados depende desses 0,003%...?
Um exemplo de pobreza se encontra em Ponte Serrada, SC. Apesar ou justamente em função dessa exploração madeireira, que ali já sempre foi a principal atividade empresarial, a região detém uma das mais baixas rendas per capita do Sul do Brasil. De acordo com o Diagnóstico da Exclusão social em Santa Catarina de 2003, mais de 61% dos habitantes desse municípío são considerados pobres, outros 30% de renda insuficiente.

Nesse município e em Passos Maia, a despeito da Resolução 278 do CONAMA, que proíbe o corte de espécies vegetais da Mata Atlântica ameaçadas de extinção, as Indústrias de Madeiras Tozzo S.A. vinham fazendo o que há décadas já se fez: derrubar, cortar e comercializar araucárias, como documentado no Laudo Avaliação da Exploração Madeireira de Espécies Ameaçadas de Extinção em Santa Catarina, elaborado e entregue ao MMA ano 2003 pela Apremavi - Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale do Itajaí.

Não se sabe bem se esse relatório chegou às mãos da Polícia Federal ou não, que nesta data (18/08) prendeu pelo menos 16 pessoas na Operação Curupira II, entre eles o empresário Alcides Tozzo, dono da madeireira com seu nome.

São alguns os madeireiros de SC e PR que estão aguardando julgamento atrás das grades, acusados de exploração ilegal de madeira, grilagem de terras e outros crimes do gênero.

Mesmo que esses desmatamentos ilegais que levaram o juíz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara da Justiça Federal em Mato Grosso a decretar a prisão de 22 pessoas sejam com outros tipos de florestas que não as de araucárias: os crimes são diferentes?
*Philipp Stumpe é coordenador da Apremavi.

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