Meio ambiente concentra os debates no quarto dia da Semana Nacional pela Cidadania e Solidariedade
2005-08-19
Os debates da Semana Nacional pela Cidadania e Solidariedade, em Salvador/BA, tiveram como foco, ontem pela manhã, a sétima meta prioritária estabelecida na Cúpula do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU): a garantia da sustentabilidade ambiental, cuja palestra principal teve como tema Qualidade de Vida e Respeito ao Meio Ambiente. Para os ambientalistas que participaram do evento a meta só pode ser alcançada com a adoção de atitudes sérias na esfera pública.
Durante a palestra ministrada pelo diretor do Centro de Recursos Socioambientais Pangea, Antônio Bunchaft, foram realizadas abordagens sobre educação ambiental e coleta seletiva, condições de vida dos catadores de materiais recicláveis e a importância das ações de responsabilidade social junto a este segmento profissional.
Segundo Bunchaft, é preciso se pensar na relação existente entre o processo de preservação da natureza e a geração de empregos.
— Os catadores de lixo, por exemplo, cuidam do meio ambiente e ao mesmo tempo trabalham garantindo o sustento da família. Faz parte dessa cadeia, ajuda a proteger a natureza, presta serviço à sociedade e assegura um emprego. É preciso avaliar a idéia de desenvolvimento ambiental sustentável -, disse.
Em Salvador, a Cooperativa de Catadores Agentes Ecológicos de Canabrava (Ccaec), em Pau da Lima, ocupou o local onde funcionava o aterro sanitário de Canabrava, mais conhecido como lixão. Hoje, 109 pessoas que vivam catando resíduos no aterro se tornaram funcionários da cooperativa. Para Bunchaft, é preciso criar mais instituições que visem à preservação ambiental e, ao mesmo tempo, ofereçam empregos dignos.
Bunchaft afirma que na Bahia existem apenas mais três cooperativas do tipo, uma da prefeitura municipal e as outras duas, em Feira de Santana e Vitória da Conquista. Dados da Cáritas, ONG ligada à Igreja Católica, apontam a existência de 800 mil catadores de lixo em todo o país.
— Não temos números precisos da Bahia, mas sabemos que muitas pessoas sobrevivem da coleta de lixo. São adultos, velhos e crianças. Precisamos criar condições para que elas continuem desenvolvendo seu trabalho -, reforçou.
O coordenador executivo do Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), Renato Cunha, finalizou a palestra que abordou o tema Qualidade de Vida e Respeito ao Meio Ambiente. Para ele, a criação de políticas públicas deve considerar de forma efetiva o princípio de sustentabilidade ambiental, estabelecendo compromissos no plano nacional, regional e local.
Para Cunha, respeitar o meio ambiente é desenvolver ações de inclusão social das pessoas que vivem e trabalham em suas comunidades. Ele defende a teoria de Bunchaft, de que é preciso buscar soluções integradas para os problemas ambientais e para as demandas sociais. (Correio da Bahia, 19/08)