Chuva ácida pode destruir vegetação no Acre
2005-08-19
Ferro, alumínio, agrotóxico, esgoto e fumaça. Estes são alguns dos elementos que serão despejados em todo o Estado com as primeiras chuvas pós-estiagens previstas para ocorrer daqui a dez dias. O fenômeno, conhecido como chuva ácida, tem efeito corrosivo e é capaz de destruir vegetações, atacar estruturas metálicas, monumentos e edificações, além de causar diversos danos à saúde do ser humano.
Portanto, especialistas orientam à população a evitar a exposição nas primeiras chuvas que ocorrerem após esse período escasso. Do contrário, uma série de conseqüências, como gripe, infecções e outras deficiências no organismo, poderão deixar a vítima seriamente debilitada.
Todos esses efeitos incidem em função da evaporação de nutrientes que estão na terra, como o ferro e o alumínio, altamente corrosivos quando entram em contato com outras substâncias, como o esgoto, a fumaça e o agrotóxico, também evaporados pela atmosfera.
Segundo o geógrafo Claudemir Mesquita, esse efeito é ainda maior quando se passa muitos dias sem chuva em uma determinada localidade.
— A sobrecarga desses elementos chega a ser mais elevada numa situação como essa e, como não sabemos o que está por vir, é melhor que as pessoas tomem certos cuidados com as primeiras chuvas -, destacou.
O geógrafo ressaltou que por enquanto é impossível fazer a medição em percentual da acidez das chuvas no Acre por falta de um equipamento apropriado. Daí o motivo do alerta, explica ele.
Em contrapartida, ele disse que alguns efeitos servem como termômetro da medição. — Quem sente as primeiras seqüelas da chuva ácida são as estruturas metálicas. Elas entram em estado de oxidação e em pouco tempo ficam totalmente desgastadas -, disse.
Mesquita prevê ainda que toda a plantação de hortaliças expostas na primeira chuva que ocorrer serão destruídas de imediato.
— É um impacto muito grande e as hortaliças não estão adaptadas a ele. A floresta, por exemplo, sofre alguns danos, mas não é totalmente destruída. Já as hortaliças não resistem às águas da chuva ácida.
Os maiores efeitos do fenômeno
Segundo o Fundo Mundial para a Natureza, cerca de 35% dos ecossistemas europeus já estão seriamente alterados e cerca de 50% das florestas da Alemanha e da Holanda estão destruídas pela acidez da chuva.
Na costa do Atlântico Norte, a água do mar está entre 10% e 30% mais ácida que nos últimos vinte anos. Nos EUA, as usinas termoelétricas são responsáveis por quase 65% do dióxido de enxofre lançado na atmosfera. O solo dos Montes Apalaches também está alterado: tem uma acidez dez vezes maior que a das áreas vizinhas, de menor altitude, e cem vezes maior que a das regiões onde não há esse tipo de poluição. (Página 20 – Acre, 18/08)