Operação Curupira 2: Milionário de Chapecó foi preso por envolvimento
2005-08-19
O empresário Alcides Tozzo, 81 anos, dono de uma das maiores fortunas individuais de Santa Catarina, foi preso por agentes federais na manhã de ontem (18/08), em Chapecó, acusado de envolvimento em crime ambiental no interior do Estado do Mato Grosso.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, o madeireiro teria extraído entre 20 e 30 mil metros cúbicos de madeira em uma área de preservação ambiental permanente. A extração ocorreu com o uso de documentos falsos que teriam sido emitidos com o auxílio de fiscais do Ibama. Tozzo integra o grupo de 16 pessoas que foram detidas durante a Operação Curupira 2, deflagrada ontem pela Polícia Federal no Sul, Centro-Oeste e Norte do Brasil.
A detenção do madeireiro catarinense ocorreu no interior da mansão dele, na rua Barão do Rio Branco, centro de Chapecó. Os agentes chegaram por volta das 6 horas e não encontraram resistência. Na casa, os agentes também apreenderam jóias, R$ 4.350, US$ 860, três carros de luxo (dois importados), uma picape e até um avião bimotor que estava no hangar do Aeroporto Serafim Bertaso. Os bens ficam à disposição da Justiça para uma eventual reparação dos danos.
O delegado federal Cleberson Alminhana informou que os agentes agiram sob orientação da Justiça Federal de Mato Grosso, que acatou o pedido de prisão temporária apresentado pelo Ministério Público Federal em Cuiabá.
Segundo Alminhana, o depoimento do empresário durou quatro horas e terminou com o encaminhamento dele para o Presídio Regional de Chapecó.
— Ele negou as acusações, mas deve ficar preso por cinco dias, até a conclusão das investigações.
O advogado Airton Zolet disse que Tozzo é inocente e que foi envolvido por outras pessoas que estão sendo acusadas de crime ambiental grave. Segundo Zolet, o processo não tem ele como acusado principal. O advogado disse, ainda, que o empresário está sendo prejudicado por ter se manifestado contra a implantação de parques ambientais, inclusive no Oeste de Santa Catarina.
— Isso é uma tentativa de intimidação da luta dele pelas florestas que ele plantou e conserva há mais de 60 anos-, respondeu Zolet.
Em 2002, Tozzo teve uma madeireira embargada pela Justiça quando os fiscais ambientais localizaram uma área de mata nativa devastada no interior de Passos Maia, a 80 quilômetros de Chapecó. Na época, os ambientalistas encontraram araucárias centenárias que haviam sido derrubadas por empregados de Tozzo. Ele negou a prática criminosa, mas teve as atividades paralisadas e respondeu a processo judicial por crime ambiental. (A Notícia, 19/08)