(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2005-08-18
Por Silvia Marcuzzo*
Na última sexta-feira, 12 de agosto, a Rede de Ongs da Mata Atlântica entregou uma lista com os nomes dos coordenadores e dos elos da Rede para a Diretoria de Proteção do Ibama. O repasse de informações foi feito durante a apresentação do Plano de Monitoramento e Controle do Ibama para as entidades que desenvolvem trabalhos no bioma Mata Atlântica.

Os técnicos do Ibama aprofundaram um pouco mais o assunto, que já havia sido apresentado em primeira mão à RMA, durante a reunião da coordenação no início deste mês. O trabalho retoma o que preconiza a chamada Carta de Tamandaré, documento assinado em julho de 2003, que estipula uma parceria entre MMA, Ibama e RMA na prevenção e participação das ONGs no combate aos crimes contra a Mata Atlântica.

Para a coordenadora geral da RMA, Miriam Prochnow, a parceria com o órgão atende uma antiga reivindicação da Rede. — É muito importante a participação das entidades nesse processo -, analisa. Para Miriam, além de ser necessária a ampliação das ações de fiscalização no campo, é preciso implementar outras formas de controle. Nesse sentido, a fiscalização por imagens de satélite e com cruzamento de bancos de dados é fundamental.

A diretriz do Ibama é fazer uma fiscalização integrada, que verifique a situação ambiental, trabalhista, fundiária, tributária e rodoviária do ilícito que está sendo averiguado. O Ibama também conta com descrições do Ato Declaratório Ambiental (ADA). O consultor Guilherme Abdala, da Diretoria de Proteção Ambiental acrescenta ainda que o ADA precisa ser aprimorado para o monitoramento.

Um desafio será dispor das bases cadastrais fundiárias do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Há cerca de um mês, 0,04% das propriedades registradas no Incra estavam georeferenciadas. A Lei 10.267 já obriga o georeferenciamento de propriedades rurais. O ideal será quando o sistema apontar, através do sensoreamento remoto, a área que estiver sendo violada, e apresentar o CNPJ ou CPF de seu proprietário.

Centro de Monitoramento
Para saber a situação em cada um desses segmentos é necessário acessar vários bancos de dados. Só o Ibama conta com 24 sistemas, sendo que grande parte não se comunica entre si. Atualmente, o Centro de Monitoramento Ambiental do Ibama está sendo reestruturado dentro do órgão. Também foi aberto diálogo com outros ministérios e estatais para integração desses dados.

Alguns segmentos dispõem de potentes bancos de dados. Um deles é do setor petrolífero. O Bampetro é um dos maiores. Contém informações sobre todos aspectos ambientais das costas de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Hoje esses dados são utilizados apenas internamente pela Petrobrás.

A ação da fiscalização tem um grande potencial de produção de informações. Só que nesse ponto, a situação talvez seja mais complicada do que a integração de dados. O Ibama já conta com o SISFISC, um sistema da fiscalização, que permite que o auto de infração seja escrito em meio digital e, automaticamente, já seja disponibilizado on line. É a tecnologia do Autotrack. Dessa forma, o carro do fiscal é rastreado desde que deixa a sede do instituto. O SISFISC abre janelas de outros sistemas, como o do SISPROF, que traz dados sobre autorização de corte, planos de manejo etc.

Informações das ONGs são preciosas para a fiscalização
Mesmo com os rastreamentos via satélite, principalmente no caso da Mata Atlântica, a situação precisa mesmo ser constatada por terra. Os desmatamentos vão acontecendo aos poucos e, de uma hora para outra, a área invadida vira uma cidade; uma estrada é aberta, da noite para o dia. Muito diferente da Amazônia, onde os desmatamentos acima de seis hectares são detectados por satélite.

Por isso mesmo que o Ibama pede a colaboração do movimento ambientalista. Muitas ONGs tem mais informações sobre determinados locais do que o próprio Estado. Para o Ibama, esses dados são essenciais para a realização de uma fiscalização, baseada em informações confiáveis. Dessa forma, em vez de o órgão ficar procurando o problema, a operação vai direto no local da infração.

O programa de Agentes Ambientais Voluntários é encarado pelo instituto como uma forma de cooperação da comunidade. A idéia é que as denúncias sejam feitas pelos voluntários diretamente ao órgão e não habilitar pessoas que possam multar. Essas pessoas podem também auxiliar na qualificação das denúncias feitas através da Linha Verde do Ibama.

Ambientalistas apóiam plano do Ibama
O monitoramento deve contar com a parceria da sociedade civil, pois muitos órgãos não-governamentais dispõem de dados valiosos para o Ibama. Os representantes das entidades que estiveram na reunião com o Ibama gostaram da iniciativa do órgão. Entretanto, uma preocupação debatida na reunião é como o Ibama deverá proceder quando os bancos de dados estiverem interligados com outras instituições. As entidades estariam dispostas a abrir seus arquivos para melhorar a fiscalização do Ibama? E o Ibama deixaria as ONGs entrarem em seus bancos de dados? Este é um ponto que precisa ter um debate mais ser aprofundado, inclusive dentro das entidades que dispõem de bons acervos de informação.

O advogado Raul Telles, do Instituto Socioambiental (ISA), propõe que o Ibama busque junto ao Departamento Nacional de Mineração (DNPM) dados sobre autorizações de pesquisa e de lavra expedidos pelo órgão, já que hoje são feitos sem qualquer consideração com o aspecto ambiental. Ele lembrou que a mineração é uma atividade que vem trazendo graves problemas aos ecossistemas da Mata Atlântica, dada a extrema fragmentação de seus remanescentes.

Helena Maltez, do WWF-Brasil, salientou que a partir dos dados levantados pelo órgão em parceria com a sociedade, poderá ser neutralizada a pressão de políticos e do poder econômico sobre o que ainda resta de Mata Atlântica. Além disso, Helena acredita que através de mecanismos econômicos, como ICMS Ecológico e a destinação de parte dos recursos revertidos com a preservação para o município, pode-se obter bons resultados.

Ela ainda defende que empresas e prefeituras sejam contempladas com prêmios, a partir dos dados levantados pelo monitoramento. Aquelas que cuidam mais do ambiente poderiam ser homenageadas, por exemplo. Outra sugestão apontada pela ambientalista é a utilização de mecanismos de autocontrole, onde a fiscalização é realizada pela própria comunidade.
*Silvia Marcuzzo é integrante da Rede de ONGs da Mata Atlântica.

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -