Plantio de eucalipto provoca redução do nível de água nos lençóis freáticos
2005-08-18
Por Ingrid Holsbach
— O Brasil tem um pensamento de colônia. Percebe-se isso no plantio de eucalipto para exportação de madeira para fabricação de papel para países de primeiro mundo, não se pensa na possibilidade de economizar e reciclar –, afirma o permacultor João Rockett, diretor e fundador do Instituto de Permacultura e Ecovilas da Pampa (Ipep).
Segundo Rockett, nunca se falou tanto no país em educação ambiental, mas na prática não são feitas ações que pensem no futuro. Um exemplo disso é o plantio de eucalipto na região do pampa. A maior parte da madeira produzida vai para a Holanda, grande investidor na região, que a utiliza para a fabricação de papel. Além de não se pensar em uso da matéria-prima para a produção nacional, também não se analisa a devastação que tais plantações causam ao meio ambiente.
O eucalipto além de desgastar o solo, impedindo que qualquer outra espécie se desenvolva, consome cerca de 10 litros de água retirada do solo por hora, reduzindo, assim, o nível de água nos lençol freático, segundo Rocket. Atualmente, a região do pampa possuí cerca de 52 mil hectares de plantação de eucalipto e muitos dos agricultores que aderiram ao plantio não estão satisfeitos. – Os grandes investidores vêm aqui e dizem que a técnica vai trazer riqueza e emprego para a região, mas na verdade isso não acontece. O emprego, assim como a geração de renda, é temporário e com a introdução das máquinas isso reduz mais ainda – afirma Rockett.
Nesse cenário, o Ipep atua com o objetivo de fazer um alerta para o impacto ambiental negativo da atividade. – A sociedade brasileira é muito imediatista, as pessoas pensam nos benefícios do momento, sem pensar nas consequências da atividade. Depois de plantado o eucalipto, o solo torna-se inútil, não nasce mais nada – conclui o permacultor.
A permacultura pode ser entendida como uma cultura permanente da agricultura, que busca colocar o homem inserido na natureza causando o menor impacto. Estimula a criação de projetos que visem a sustentabilidade e a manutenção do ecossistema. Apóia e elabora projetos de bioconstrução, uso de energias de baixo impacto, produção de alimentos ecológicos e saneamento. O IPEP, Instituto de Permacultura e Ecovilas da Pampa, foi fundado em julho de 2000, em Bagé (RS), com o intuito de difundir a permacultura e seus conceitos como ferramentas para a sustentabilidade. Procura estabelecer a integração com instituições públicas e privadas para ampliar e desenvolver projetos voltados a comunidades rurais e urbanas.
O IPEP hoje é um centro demonstrativo de algumas técnicas alternativas como: banheiro seco, reservatórios de água em ferrocimento, tratamento e reutilização das águas servidas, geração de energia eólica, técnicas de plantio orgânico, trator de galinhas, sauna a vapor em ferrocimento, construções e ensaios das mais variadas técnicas de bioarquitetura, etc. Recebe visitas periódicas de grupos de crianças em idade escolar, universitários e acadêmicos, instituições de pesquisa, e indivíduos, oferecendo cursos rápidos, e de capacitação intensiva em médio prazo.