Grandes empresas saem de projetos hidrelétricos
2005-08-17
As altas estratosféricas dos custos de transmissão de energia levaram investidores como a Vale do Rio Doce e a BHP Billiton a tentar vender algumas de suas participações em projetos hidrelétricos já licitados. Estatais como Furnas e Eletronorte demonstram interesse e deverão ocupar o lugar desses grandes consumidores nos empreendimentos.
A Vale quer vender sua participação de 40% na hidrelétrica de Foz do Chapecó, onde é sócia da CPFL Energia e da estatal gaúcha CEEE. A hidrelétrica é um projeto de R$ 1,8 bilhão e será construída na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os custos de transmissão da energia e os encargos setoriais passaram a ser inviáveis para a Vale, que pretende consumir a energia na Região Sudeste. A principal interessada na participação é Furnas, mas correm por fora Tractebel e a estatal Eletrosul.
Outro grande autoprodutor de energia, a BHP Billiton quer se desfazer dos 16,48% que detém na hidrelétrica de Estreito, um projeto de R$ 2,5 bilhões. A mineradora já contratou a administradora de recursos financeiros Rio Bravo para coordenar a operação e o data room deverá ser aberto em setembro. A disposição da Eletronorte de entrar em Estreito foi anunciada formalmente pela estatal ao Ministério das Minas e Energia.
Os grandes consumidores foram os maiores investidores em hidrelétricas nos leilões que ocorreram entre 2000 e 2002, e chegaram a pagar 3.000% de ágio em alguns projetos. Mas, agora, o cenário mudou. Levantamento feito pela associação dos autoprodutores de energia mostra que nos últimos dois anos as tarifas de uso da infra-estrutura elétrica e alguns encargos do setor aumentaram em sete vezes. Passaram de R$ 7 para R$ 69 por megawatt-hora. (Valor Online, 16/08)