Álcool: demanda puxa produção
2005-08-17
A previsão dos empresários e técnicos do setor sucroalcooleiro é que nos próximos 5 anos a demanda brasileira exigirá que o País salte de uma produção anual de 16,7 bilhões de litros de álcool combustível para cerca de 27 a 30 bilhões de litros. Isso significa ocupar mais 3 milhões de hectares com a cana-de-açúcar (hoje são 6 milhões), além de outros vegetais e frutas que possam contribuir na produção de biodiesel.
— O dinheiro melhor empregado seria o de investimento no programa de biodiesel -, afirmou o conselheiro da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única), Maurilio Biagi Filho. Ele esteve em Curitiba para um seminário em preparação à Feira Internacional do Setor Sucroalcooleiro (Feisucro 2005), que será realizada no Anhembi, em São Paulo, entre 7 e 10 de novembro.
O setor possui hoje 321 usinas (todas com projetos de ampliação) e outras 45 em implantação. A média de crescimento foi de 13,2% em cada um dos últimos quatro anos. Com 3 milhões de trabalhadores, o setor movimenta US$ 20 bilhões anualmente.
Biagi Filho ressaltou que o Brasil é também o país que mais desenvolveu a tecnologia para a produção do etanol, exportando-a para vários países.
— Se o Brasil implantar um programa de biodiesel, será uma potência mundial energética.
Não se restringindo apenas à cana-de-açúcar, que é considerado o vegetal com maior poder para ser transformado em energia. As potencialidades são maiores em razão da previsão da Agência Internacional de Energia de que, até 2020, 30% da matriz energética mundial seja de biocombustíveis.
Coordenador do Projeto Biodiesel Brasil e da Câmara Paulista dos Biocombustíveis, o professor da USP Miguel Dabdoub não tem dúvidas de que o País será protagonista dessa onda mundial.
— Mas não queremos que demore o que está demorando para atrair investimentos. Alguns países europeus já têm suas leis e estão implantando o programa com tecnologia desenvolvida no Brasil.
Na Europa, a previsão é de que, até 2010, 5,75% da energia fóssil seja substituída pela renovável e, até 2020, 20% deve passar pelo processo.
Durante um workshop em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, o empresário peruano Manuel Cevallos, da Expoglobe International Inc., anunciou investimentos de US$ 6 milhões para construir uma indústria de autopeças e uma unidade de biodiesel.
— Estou apostando no projeto brasileiro - ele pretende pôr a indústria em funcionamento nos próximos 18 meses. (O Estado de S. Paulo, 16/08)