Projeto busca a preservação ambiental da bacia hidrográfica
2005-08-16
Campeonatos de natação, famílias tomando banho, clubes náuticos e um rio cheio de vida. O cenário ainda está presente na memória de Henrique Prieto, 66 anos, que desde criança tem uma relação de amor com o Rio dos Sinos, sua fauna e sua flora. Infelizmente, está só na memória. Hoje, na parte próxima ao Ginásio Municipal de São Leopoldo, o que se vê de um lado são diques e de outro uma cortina de proteção contra cheias, com 27 quilômetros de extensão, a maior da América Latina.
Na presidência do Instituto Martin Pescador, cuja bandeira é a preservação da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, Prieto quer reaproximar a população do Rio para alertar sobre os riscos que ele está correndo com a poluição. O carro-chefe para isso é o barco Martin Pescador, uma mistura de museu e sala de aula flutuante a serviço da educação ambiental. Construído com recursos de prefeituras, comunidade e de instituições - entre elas a Aspeur, mantenedora da Feevale -, o catamarã de 27 toneladas, 16 metros de comprimento e seis de largura navega no rio levando a bordo alunos de escolas em passeios orientados por biólogos e estudantes de biologia.
Estima-se que nas águas do Rio dos Sinos, que nasce no município de Caraá, na Serra do Mar, e desemboca no Delta do Jacuí, em Canoas, existam cerca de 80 espécies de peixes. Destas, no entanto, apenas dez habitam as proximidades de São Leopoldo. Mesmo assim, a quantidade de peixes ainda é grande, o que favorece a presença da ave que dá nome ao Instituto e ao barco. - O Martin Pescador é um bioindicador de vida, pois se alimenta dos peixes -, explica o estudante de Biologia Ingo Hübel. A ave é uma entre as cerca de 50 espécies que habitam as margens do Rio nos seus 190 quilômetros. Navegando pelos dez quilômetros que o barco percorre em direção à foz, os visitantes são alertados para o risco que a ave sofre. Em alguns pontos, o lixo que é levado da cidade para o Rio pelas chuvas se acumula e se torna nocivo à mata ciliar. A falta de raízes que segurem a terra provoca a erosão das margens, locais onde o Martin Pescador constrói seu ninho. (Eco Agência, 14/08)