Geração de energia hidrelétrica em MT será quadruplicada
2005-08-15
Mato Grosso deverá quadruplicar nos próximos dois anos o potencial de geração de energia hidrelétrica, com a soma de 3.787 mil megawatts (MW) e investimentos de R$ 17,8 bilhões em novas usinas, suprindo o déficit em energia elétrica ainda existente em algumas localidades, como o município de São José do Rio Claro e o Vale do Araguaia. O montante financeiro envolve 134 novos projetos, entre usinas em fase de construção que começa a funcionar no próximo ano, e outras recém aprovadas ou em fase de análise. Para se ter uma idéia do quanto esse volume representa, todas as 52 usinas hidrelétricas atualmente em operação no Estado totalizam 934,49 MW em potência energética.
O reforço em novos projetos advém de dez Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) em fase de construção em Mato Grosso, somando 153,11 MW de potência. Duas delas estão enquadradas no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), da estatal Centrais Elétricas Brasileiras S/A (Eletrobrás). O programa prevê a compra da energia elétrica produzida por PCHs e usinas eólicas e de biomassa pelo período de 20 anos.
As PCHs em construção estão sendo instaladas nos municípios de Aripuanã, Juara, Sapezal, Guarantã do Norte, Novo Mundo, Nova Ubiratã, Santo Antônio do Leverger, Campo Novo dos Parecis e nas divisas entre Paranatinga e Campinápolis e de Sorriso e Lucas do Rio Verde.
Outras 41 usinas já foram aprovadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que irão agregar 718,13 MW e 15 delas também já integram o Proinfa. Entre os projetos outorgados pela Aneel estão 37 PCHs, com 566,79 MW, uma Usina Hidrelétrica (UHE), na divisa com o Estado de Goiás, com 150 MW, e duas Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), de 1,34 MW de potência. Uma CGH apresenta potência de até 1 MW, ao passo que a PCH pode gerar até 30 MW e a UHE acima de 30 MW.
Outras 83 usinas estão em fase de análise pela Aneel. Caso todas sejam outorgadas, o novo grupo de indústrias somará 2,915 mil MW em capacidade de geração de energia elétrica. Entre os projetos em análise, 39 usinas pertencem à região da bacia amazônica, no Norte do Estado, 14 estão na bacia dos Tocantins/Araguaia e as 30 restantes na bacia dos rios Paraná/Tocantins.
O secretário adjunto de Desenvolvimento da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), José Epaminondas Conceição, destaca entre os projetos em analise pela agência uma UHE em Torixoréu, no Vale do Araguaia (408 MW), e quatro PCHs entre São José do Rio Claro e Diamantino, no Médio Norte do Estado, somando 11,85 MW. Nas localidades a energia é gerada por meio da queima de óleo diesel.
Sicme e Eletrobrás fazem convênio inédito no Brasil
Na tentativa de diversificar a matriz energética mato-grossense, numa iniciativa inédita no país, a Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) acaba de assinar o primeiro convênio do país com a Centrais Elétricas Brasileiras S.A (Eletrobrás) para a realização de estudos com o hidrogênio extraído do álcool, para a geração de energia no Pantanal. As pesquisas em laboratório serão realizadas por profissionais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de São Paulo.
O projeto total envolve R$ 500 mil, com a construção de um pequeno laboratório, de 60 m2, para o início dos experimentos e o deslocamento e alojamento dos cientistas da Unicamp. Do montante financeiro, R$ 400 mil serão investidos pela Eletrobrás e R$ 100 pelo governo estadual. O começo da construção está previsto ainda para este ano, na região de Cáceres. Os técnicos da Unicamp deverão visitar Mato Grosso este mês para avaliar a localidade escolhida.
O convênio com a Eletrobrás vale por dois anos. De acordo com o secretário adjunto de Desenvolvimento da Sicme, José Epaminondas Conceição, a matéria-prima necessária, o álcool, será doado por meio do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindálcool), oriundo de três usinas instaladas na região. Ele explica que a escolha do local está sendo feita sob o critério de afastamento de linhas de transmissão de energia elétrica, com o objetivo de se analisar minuciosamente a viabilidade de geração de energia com o hidrogênio.
Ele destaca que o mais importante é encontrar alternativas de energia limpa para a região pantaneira. O secretário lembra que embora as usinas hidrelétricas tenham esse perfil, não há quedas dágua naturais na área que permitam a construção das hidrelétricas. Em outra frente, Conceição informa que a Sicme tenta agendar uma visita à Califórnia (EUA), onde funciona uma central de energia solar com potência de 250 megawatts (MW), no deserto de Mojave. A técnica consiste na utilização do calor solar para a evaporação da água. (Gazeta de Cuiabá, 14/08)