Juíza barra nova exploração de petróleo em área costeira da Califórnia
2005-08-15
Enquanto um plano do governo federal norte-americano visa a estender a
área costeira destinada à exploração petrolífera,
amplos estudos de impacto ambiental relativos a esses
planos podem demorar anos. Perante este impasse, uma
juíza federal bloqueou efetivamente novas operações de
perfuração de poços de petróleo na costa da
Califórnia, ordenando a oficiais federais que não
permitam a exploração de poços ou outras atividades
até que sejam realizados estudos mais amplos dos
riscos ambientais, o que pode levar anos.
O governo federal quer aumentar os arrendamentos em 36
áreas costeiras entre Oxnard e San Luis Obispo, na
Califórnia, de modo que assim as companhias possam
transformá-las em campos de trabalho para exploração
de petróleo. Oficiais estaduais e grupos de
ambientalistas têm lutado contra esses planos de
várias formas. A ordem judicial dada na última
quinta-feira (11/8) pela juíza distrital Claudia
Wilken veio um dia depois que a Comissão Costeira da
Califórnia levantou objeções oficiais ao mesmo plano
federal.
A ordem judicial repercutiu com surpresa numa
audiência realizada sexta-feira (12/8) em Oakland.
— Sabemos que não podemos ir adiante até análises
ambientais adicionais serem realizadas-, disse John
Romero, porta-voz do Serviço de Gestão Mineral do
Departamento de Interior. — Não sabemos
exatamente o que significa, acrescentou.
Enquanto isto, advogados representando dez grupos de
ambientalistas que levantaram a queixa judicial
declararam a sentença uma grande vitória para aqueles
preocupados com os riscos de vazamento. — Isto
significa que nossas áreas costeiras permanecerão
protegidas, disse Linda Krop, conselheira chefe do
Centro de Defesa Ambiental em Santa Bárbara.
— Nada acontecerá durante anos, acredita
ela.
Mesmo que o governo federal apele da decisão de
Wilken, nenhuma nova decisão seria adotada
provavelmente até o final do ano que vem. A briga na
corte judicial envolve uma das poucas partes da costa
da Califórnia que ainda não está fora dos limites da
nova área de exploração de petróleo. A faixa de área
costeira inclui 36 áreas dos condados de Ventura,
Santa Bárbara e San Luis Obispo que foram arrendadas
para companhias de petróleo entre 1968 e 1984, mas
nunca chegaram a ser desenvolvidas em campos de
petróleo submarinos. Todos os arrendamentos foram
programados para expirar há mais de 15 anos. Mas o
Serviço de Gerenciamento Mineral repetidamente
estendeu os arrendamentos, apesar de objeções de
oficiais estaduais. O rendimento estimado das 36 áreas
é de 512 milhões de barris de petróleo, e têm sido
foco de batalhas legais regulatórias.
As companhias detentoras dos arrendamentos têm entrado
com liminares em seu favor contra o governo federal,
demandando que os oficiais permitam-lhes a exploração
ou comprem as licenças exploratórias, que inicialmente
seriam negociadas a US$ 1,25 bilhão. Em uma situação
semelhante, na costa da Flórida, a administração Bush,
em 2002, requereu ao governador Jeb Bush que
investisse US$ 235 milhões para comprar de volta os
direitos de arrendamento. Mas a administração declinou
desta atitude no caso da Califórnia, onde as
negociações com as companhias de petróleo
supervalorizaram os valores.
Com as conversações encerradas, o caso foi parar na
Corte, e o primeiro round veio em 2001, quando a juíza
Wilken deu vitória aos oficiais, afirmando que eles
tinham o direito de rever e influenciar a extensão dos
arrendamentos. Uma lei federal provê aos Estados o
direito de assegurar que ações federais não sejam
feitas contra as leis de proteção de áreas costeiras.
A decisão de Wilken, que ordenou aos oficiais federais
a preparação de análises ambientais, foi um desafio à
administração Bush, respaldada pela 9ª Corte
Norte-americana do Circuito de Apelações.
Em fevereiro, o Serviço de Gerenciamento Mineral
liberou suas análises ambientais concluindo que a
extensão dos arrendamentos não poderia implicar
impacto significativo ao meio ambiente. Tais análises
foram estreitamente focadas em atividades voltadas às
etapas prévias à exploração de petróleo, mas não
examinaram questões como os riscos ambientais
associados aos passos posteriores, como perfuração
exploratória, construção de plataformas e bombeamento
de petróleo.
Grupos ambientalistas entraram na Justiça, alegando
que as análises federais foram muito estreitas para
atingir os requerimentos legais. As leis urgem que
sejam realizados plenos estudos de impacto ambiental
que incluiriam riscos de vazamento e audiências
públicas. (LA Times, 13/8)