Análise dos padrões espaciais de árvores em quatro formações florestais do estado de São Paulo, através de análises de segunda ordem, como a função K de Ripley
2005-08-15
Resumo: O padrão espacial das árvores em uma floresta é influenciado por variáveis abióticas e bióticas. Entre as principais variáveis abióticas estão o relevo, a disponibilidade de luz, nutrientes e água, e a caracterização do solo. Entre as principais variáveis bióticas estão os processos dependentes da densidade, tais como a competição intraespecífica e interespecífica, a herbivoria, a ocorrência de doenças, a fenologia e dispersão de sementes. Desse modo, investigar o padrão espacial das árvores, segundo suas classes de tamanho, e segundo suas espécies mais abundantes, pode fornecer evidências sobre a estrutura da comunidade vegetal.
A descrição do padrão espacial das árvores e das espécies mais abundantes em diferentes formações florestais foi realizada usando ferramentas estatésticas mais apropriadas para investigar mapas das árvores. A Função K de Ripley tem como principais vantagens a possibilidade de detectar o padrão espacial em diversas escalas de distâncias simultaneamente, e avaliar a dependência espacial entre grupos de árvores. Os padrões observados foram comparados com os modelos de Completa Aleatoriedade Espacial, para a função univariada, e de Completa Independência Espacial, para a função bivariada. Diferentes formações florestais, típicas da região sudeste do Brasil, foram comparadas neste estudo: Floresta Ombrófila Densa Submontana, Savana Florestada (Cerradão), Floresta Estacional Semidecidual e Formação Pioneira com Influência Marinha (Restinga). Esta dissertação de mestrado integra o Projeto Diversidade, dinâmica e conservação em florestas do Estado de São Paulo: 40 ha de parcelas permanentes, do Programa Biota da FAPESP. Neste projeto, uma parcela de 10,24 ha foi montada em cada formação florestal, e todas as árvores com circunferência na altura do peito a partir de 15 cm foram medidas, mapeadas e identificadas. Os resultados obtidos neste estudo ressaltam o caráter agregado em florestas tropicais, uma vez que o padrão agregado foi observado em todas as florestas estudadas.
As árvores do Cerradão e da Restinga apresentaram padrões muito próximos, com uma agregação definida até uma certa escala de distâncias. Para a Floresta Ombrófila, o padrão agregado foi significativo em toda a escala de distâncias. Na Floresta Estacional, tendência à aleatoriedade foi observada, embora uma agregação significativa tenha sido notada para curtas distâncias. A análise do padrão espacial segundo classes de tamanho mostrou que as primeiras classes possuem, em geral, padrões agregados significativos, enquanto para as classes seguintes o padrão aleatório foi predominante. Em linhas gerais, o padrão espacial das espécies acompanhou o padrão geral de cada formação florestal.
O padrão das espécies dominantes é sempre muito semelhante ao padrão espacial da floresta como um todo. Como era esperado, as espécies dominantes desempenham importante papel na ocupação do espaço horizontal em tais florestas, contribuindo de modo decisivo para a caracterização do padrão espacial da comunidade. Espécies que ocorreram em diferentes florestas apresentaram pequenas diferenças no seu padrão espacial, ressaltando-se assim a importância da sua autoecologia e dos processos ecológicos intrínsecos a cada comunidade.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP).
Autor: Robson Louiz Capretz.
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