Pesquisadores devolvem Lontra ao habitat natural em Florianópolis
2005-08-12
Depois de cinco anos mapeando a presença de lontras nas imediações da Lagoa do Peri e da Lagoa da Conceição, na Ilha de Santa Catarina, bem como em outras áreas do estado de Santa Catarina, além de estudos na Amazônia e Pantanal, os pesquisadores do Projeto Lontra aceitaram e cumpriram um importante desafio: salvaram uma lontra dada como perdida. O animal será devolvido ao habitat natural no próximo sábado, dia 13, a partir das 10 horas da manhã, na Lagoa do Peri, região sul da Ilha de Santa Catarina.
O animal foi encontrado há cerca de quatro meses por populares, dentro de um canal de drenagem de água fluvial, poluído por esgoto doméstico, no bairro Rio Tavares. Técnicos do Ibama foram avisados da presença do animal e acionaram o Projeto Lontra para fazer o resgate do animal. - Tínhamos uma infra-estrutura já preparada para receber a lontra e recuperá-la -, comenta a pesquisadora do projeto, oceanógrafa Andy Schmidt. Andy comenta que a lontra chegou à base bastante debilitada, arredia e agressiva, comportamento típico desses animais que raramente se permitem ser vistos e muito menos tocados pelo homem.
— O mais difícil, no início, foi definir o procedimento para o tratamento do animal. São raros os profissionais (veterinários) que possuem experiência com lontras, ou mesmo referências sobre como tratar uma lontra doente. E nada encontramos! Assumimos a responsabilidade em tomar decisões, contando com a ajuda de um grupo de pessoas com boa vontade, tomamos muitas mordidas, mas temos a certeza de que tudo valeu a pena -, ressalta a pesquisadora.
Entre os problemas encontrados no animal, que foi carinhosamente chamado Otto, uma referência ao termo Otter, nome popular da lontra em inglês, estavam os olhos, comprometidos por bicheiras, a cauda em estado de putrefação e a pata dianteira com um enorme buraco feito por bernes, além das patas dianteiras paralisadas.
- Dentre as várias explicações para a causa da paralisia das duas patas dianteiras, a mais provável é a de que o animal tenha sido atingido na cabeça por algum objeto duro, pedaço de pau ou remo, por exemplo. Felizmente, com os cuidados dispensados, a lontra foi retomando os movimentos e hoje se movimenta normalmente -, comenta o coordenador do Projeto Lontra, oceanógrafo Carvalho Junior.
Saudável e pronto para seguir seu destino, Otto retorna ao seu ambiente natural como uma espécie de símbolo de preservação e referência para o Projeto Lontra. Sua devolução à natureza será feita na manhã de sábado, dia 13, na Lagoa do Peri, em Florianópolis.
- Depois de quatro meses, tratando e convivendo com Otto, com certeza sentiremos falta. Mas, o mais importante é que atingimos o objetivo. A lontra está plenamente recuperada e apta a voltar para o ambiente natural -, conclui Andy Schimdt. (Eco Agência, 11/08)