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2005-08-12
Os 252 focos de queimadas atualmente existentes em Mato Grosso - novamente na lista dos campeões nacionais de devastação pelo fogo - podem estar sem controle e sem nenhum tipo de programa de combate. Um dos grandes problemas relacionados à questão é que as autoridades ambientais responsáveis pelo combate e prevenção às queimadas divergem sobre de quem seria a responsabilidade direta sobre o problema.

Segundo informações existentes no site do Proarco, foram detectados pelo satélite NOAA-12, no último dia 08, cerca de 252 focos de calor no estado. Destes, a grande maioria está em municípios da Amazônia Legal, principalmente no conhecido Arco do Fogo, como Colniza onde existem 55 focos, Nova Bandeirantes com 49, Apiacás com 18, Paranaíta com 13 e Alta Floresta com 12 focos de calor.

Mas embora exista o monitoramento dos locais e pontos onde estão ocorrendo as queimadas, as principais autoridades responsáveis pelo combate ao fogo dentro em Mato Grosso não sabem explicar sobre quem exatamente estaria fazendo o combate a esses focos de calor e a dimensão da área que está sendo queimada. Como explica o analista ambiental, que até o fim do período de intervenção no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) estadual, era o coordenador do Programa Prevfogo, Bruno Lintomen.

— Só temos a informação repassada pelo satélite, que está relacionada ao número de focos de calor não podendo quantificar o quanto está sendo queimado -, afirma.

Lintomen também explica que o Ibama está responsável pelo combate aos focos de calor somente nas áreas dentro de suas unidades de conservação - cerca de cinco áreas em Mato Grosso - onde atualmente existem 72 brigadistas treinados para fazer o controle desses incêndios, nas demais áreas caberia aos municípios e autoridades estaduais a responsabilidade de combater os incêndios.

— O Ibama se responsabiliza por suas unidades de conservação, o Estado deve preservar suas áreas e dentro do perímetro urbano quem deve fazer esse controle são as prefeituras. Nas propriedades particulares a responsabilidade é dos proprietários rurais, que poderão ser multados caso não façam sua parte -, explica.

Ao ser questionado sobre a responsabilidade do Ibama de se fazer, através do programa Proarco, o combate a incêndios na região da Amazônia Legal - onde estão a grande maioria dos focos de calor do estado - o analista ambiental explica que provavelmente quem deve fazer esse trabalho é a força Tarefa Nacional que está em duas bases na região norte do estado, - Apiacás e Sinop - fazendo o combate ao desmatamento.

Mas um dos coordenadores da Força Tarefa Nacional de Combate ao Desmatamento, da base operativa do Ibama de Sinop, Davison Alves de Oliveira, explicou que o integrantes da operação não estão atuando no combate às queimadas.

— Estamos atuando apenas no combate ao desmatamento e derrubadas. A frente de combate a queimadas está ligada ao Proarco, gerenciado pelo PrevFogo. Para ter esse tipo de informação você tem que ligar para a coordenação do Prevfogo na gerência em Cuiabá -, explicou o coordenador da operação.

Comitê começa a ser reorganizado
O coordenador do Comitê Estadual de Combate e Prevenção a Queimadas, o superintendente estadual da Defesa Civil, tenente-coronel bombeiro Arilton Azevedo Ferreira, explicou que o órgão atualmente está começando a reestruturar suas funções não atuando ainda diretamente no combate às queimadas em Mato Grosso.

O comitê é ligado diretamente à nova Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), sendo composto por 26 entidades públicas e privadas.

A primeira reunião do comitê aconteceu no início de agosto, mas o coordenador do órgão explica que os projetos relacionados à questão das queimadas só serão implantados no ano que vem, pois não há mais como se planejar políticas voltadas para a situação atual, pois ainda não há nem a delimitação de verbas para o comitê.

— Estamos planejando atuar principalmente na prevenção das queimadas, evitando que existam focos de grandes dimensões, pois nesses casos o controle do fogo é muito complicado e em alguns casos impossível. Um de nossos principais projetos é de se criar uma legislação que obrigue os proprietários rurais de contratarem técnicos e adquirirem equipamentos necessários para se fazer projetos de prevenção e combate a incêndios dentro de suas áreas -, explicou Ferreira.

O coordenador do órgão também conta que a Sema irá desenvolver um trabalho de combate a queimadas similar ao do Ibama dentro de suas 35 unidades de conservação.

Mas ao ser questionado sobre o combate aos 252 pontos que já estão queimando dentro do estado, Ferreira reafirmou que tanto a Sema quanto o próprio comitê ainda não estão totalmente aparelhados para fazerem esse controle, sendo que as ações só serão possíveis de ser aplicadas no ano que vem. (Folha do Estado, 11/08)

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