Japão teme que China esgote gás natural em área disputada pelos dois países
2005-08-12
O governo japonês suspeita que a China tenha começado trabalhos de exploração de gás natural a leste do Mar da China, área que vem sendo há muito tempo disputada por ambos os países sob o ponto de vista econômico. Segundo informações divulgadas na quarta-feira (10/8) pela agência de notícias japonesa Kyodo, o governo de Tóquio já teria requerido ao governo de Pequim para parar com as operações no local. Os dois países disputam a área rica em reservas de gás natural.
O ministro do Comércio do Japão, Shoichi Nakagawa, disse ter obtido de agentes do governo a informação oficial de que um consórcio chinês instalou dutos em preparação à produção de gás natural no campo de Chunxiao. A informação gerou uma queixa oficial do Japão, na última terça-feira (9/8), a partir de meios diplomáticos. – Havia uma forte possibilidade de que a China tivesse começado a perfurar poços de gás, de modo que solicitamos à China para confirmar e parar com as operações,- disse Nakagawa, acrescentando que o Japão não recebeu uma resposta satisfatória à solicitação.
Ao mesmo tempo, uma empresa que obteve os direitos de perfuração dados pelo governo japonês, no mês passado, completou seu processo de registro para tornar-se uma empresa licenciada, segundo um ramo oficial do Ministério do Comércio localizado ao sul do Japão. Um funcionário do ministério disse, em condição de anonimato, que a Teikoku Oil Co pagou ao redor de 10 milhões de ienes por taxas de licenciamento no último dia 3 de agosto.
Contudo, se a Teikoku decidir pela exploração, ainda terá que submeter um plano de negócios que deverá ser aprovado pela unidade do ministério. As relações entre Tóquio e Pequim com respeito a esta área foram arranhadas nos últimos meses, em âmbito diplomático. Segundo Nakagawa, o Japão está pronto para uma terceira rodada de conversações a fim de estabelecer regras. As primeiras duas rodadas de conversações foram realizadas em Pequim, em outubro de 2004 e em maio deste ano. A disputa vem de um desacordo sobre quantos recursos marítimos cabem aos dois lados na região leste do Mar da China, que divide a costa leste da China e a ilha de Okinawa, no Japão.
Segundo a Convenção do Mar das Nações Unidas Under, países com áreas costeiras podem reclamar uma zona econômica com extensão de 200 milhas náuticas a partir de suas costas. O Japão e a China são signatários deste tratado, mas as Nações Unidas têm até maio de 2009 para decidir o impasse. O governo de Pequim baseia sua reivindicação em um tratado internacional à parte, pelo qual as áreas costeiras poderiam ser estendidas até as plataformas continentais. A China recentemente construiu uma plataforma de perfuração exatamente a oeste da linha que o Japão julga ser um dos dois lados do limite marítimo disputado. O governo de Tóquio vem repetidamente requerendo à China para parar a exploração, sob a preocupação de que as reservas japonesas sejam esgotadas. A Teikoku Oil já prontificou-se a explorar a área em 1969 e em 1970, mas a aprovação recente redere-se a uma região mais específica baseada em estudos feitos pela companhia em 1980, e em pesquisas realizadas pelo governo. (Fonte: The Japan Times, 11/8)