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2005-08-12
Dragagem e Meio Ambiente foi tema de polêmica e certo desconforto entre cerca de 300 participantes do Seminário Gestão Ambiental Portuária, encerrado ontem (11/8), no Hotel Camboa, em Paranaguá (PR). Um dos representantes do setor no Brasil, diretor da Bandeirantes Dragagem, Ricardo Sudaiha, chamou a atenção do público, especialmente dos estudantes, para os exageros das normas de controle ambiental, que podem inviabilizar investimentos e, consequentemente, empregos. Segundo ele, portos com cais mais profundos são uma exigência de mercado para atender aos grandes navios: — Um metro a mais de calado significa mais 30 mil toneladas num navio.

Acusando o mercado mundial de ser cartelizado – segundo ele só existem quatro empresas de dragagem operando - Ricardo Sudaiha fez um alerta quanto à decisão da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), de permitir aos portos brasileiros o fretamento de dragas estrangeiras. O engenheiro da área de Operações Portuárias do Porto de Paranaguá, Ogarito Linhares, questionou por que as dragas brasileiras têm capacidade para apenas 5.000 m³ enquanto no mercado internacional já recolhem até 15.000 m³. Linhares lembrou que dragas maiores são capazes de levar mais quantidade de material, baixando o custo do serviço, mesmo quando o despejo do lodo se dá a longa distância.

Ricardo Sudaiha alertou que a nova Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que define as normas e posturas para dragagem, muitas vezes não consideram as condições que tornam a operação viável. E deu vários exemplos de estudos que se arrastam há anos, principalmente por causa das polêmicas em torno do destino (local e distância) a ser dado ao lodo dragado. Citou o caso da Cosipa – cuja dragagem não é feita porque o lodo é cancerígeno; a hidrovia Tocantins-Araguaia, que com dragagem poderia escoar pelos portos da região Norte a soja produzida no Centro-Oeste e no Maranhão; e o caso da dragagem emergencial no porto do Rio de Janeiro para receber o navio de passageiros Queen Mary 2, com um metro a mais de calado do que a profundidade do cais.

O diretor da Bandeirantes disse que Paranaguá deve comemorar, pois possui uma bacia estável, pouco suscetível ao assoreamento. Mas lembrou que nos berços de atracação isso não se repete, principalmente quando a maré baixa, e que o canal de acesso também vem sendo assoreado por movimentação de partículas do banco de areia, que existe desde a construção do canal. Sudaiha criticou a decisão do Terminal da Ponta do Félix, que contratou uma empresa estrangeira muito competente, mas que depois de um trabalho frustrado revolveu toda a lama do fundo que acabou sendo levada para Paranaguá, que perdeu 1,5 metro de profundidade em seis meses. Em sua opinião, o porto de Paranaguá deveria ter uma área de despejo interna. (Com informações da Mediação Imprensa e Comunicação)

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