Acidentes com material biológico potencialmente contaminado em alunos de um curso de odontologia do interior do estado do Paraná
2005-08-12
Resumo: Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem de análise quantitativa, cujo objetivo foi estudar a ocorrência de acidentes com material biológico potencialmente contaminado e os fatores de risco envolvidos entre os alunos do Curso de Odontologia do interior do Estado do Paraná, Brasil. Para a coleta de dados, aplicou-se um questionário contendo perguntas abertas e fechadas. Este instrumento foi aplicado aos alunos após a observação dos aspectos ético-legais. Participaram do estudo 172 alunos da 3ª, 4ª e 5ª série do curso. Destes, 122 (70,9%) alegaram ter sofrido exposição acidental com material potencialmente contaminado. A maioria dos alunos que sofreram exposição acidental é do sexo feminino (61,0%) e estão cursando a 5ª série do curso, a idade predominante ficou entre 20 e 26 anos (86,1%). O número de acidentes mencionados pelos 122 alunos totalizou 448.
Quanto ao tipo de exposição, a de pele íntegra foi a mais freqüente, seguida da exposição em mucosa e em 3º o acidente percutâneo perfazendo uma média total de 2,6 acidentes por aluno sendo a média de 0,23 para acidentes percutâneos. As topografias mais afetadas nestas exposições foram os olhos, mãos e dedos, enquanto que as brocas e agulha de anestesia foram citadas como os principais objetos causadores destes acidentes. A situação de ocorrência mais encontrada foi o ato de se utilizar normalmente um instrumental e o momento de realizar a limpeza dos instrumentais. Foi nas disciplinas de Clínica Integrada, Periodontia e Dentística que ocorreram a maioria das exposições. Quanto à severidade, 41,8% das exposições foram consideradas superficiais e 22,1% como moderadas. Apenas 10,7% dos alunos que sofreram exposição procuraram atendimento para avaliação e conduta em relação à exposição, 88,6% dos sujeitos receberam as três doses da vacina contra hepatite B. Observou-se ainda que nem sempre os alunos faziam uso dos Equipamentos de Proteção Individual, sendo que o uso dos óculos de proteção e a utilização de luvas de borracha grossa para realizar a limpeza dos materiais foram os mais negligenciados. Este estudo permitiu concluir que o risco de exposição a material biológico é iminente para esta categoria e que é necessário estabelecer estratégias de intervenção urgentes tanto em nível institucional quanto acadêmico a fim de reduzir estes riscos.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP).
Autor: Patricia Helena Vivan.
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