Irã vai resistir a pressões internacionais sobre tema nuclear
2005-08-10
O Irã reiterou nesta terça-feira (9/8) a determinação de continuar as atividades nucleares, além de resistir à pressão de uma reunião de emergência da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e ao possível recurso ao Conselho de Segurança da ONU. –Devemos por acaso aceitar a humilhação, aceitar as sanções dos demais, sancionarmos a nós mesmos ou resistir? Acredito que devemos resistir, declarou à imprensa o ministro da Defesa iraniano, Ali Shamkhani, horas antes da sessão extraordinária da AIEA, prevista esta terça-feira. –Não vamos dar um passo atrás (...) nem um só instante, acrescentou.
Os 35 membros do Conselho de Ministros, órgão executivo da AIEA, devem se reunir em Viena (Áustria) para decidir o que fazer após a retomada da conversão de urânio em Isfahan. A usina, que está localizada a 15 quilômetros da histórica cidade de Isfahan, converte urânio bruto em gás. O próximo estágio do processo --que , segundo o Irã, não será reativado por enquanto-- é levar gás para centrífugas, onde é enriquecido.
Se o urânio é enriquecido em um nível baixo, ele é usado como combustível nuclear. Níveis mais altos de enriquecimento de urânio podem permitir que a substância seja usada para a fabricação de uma bomba atômica. Para uma fonte do Departamento de Estado americano, a resposta apropriada seria recorrer ao Conselho de Segurança (CS) da ONU.
Segundo o chefe a diplomacia francesa, Philippe Douste-Blazy, a iniciativa iraniana desencadeia uma crise grave e a comunidade internacional deve estar unida frente a este desafio. Após a comoção causada nesta segunda-feira pela retomada dos trabalhos em Ispahan, os oficiais iranianos pareciam imersos nos debates prévios a uma possível sessão tensa da AIEA. O aumento da potência da usina nuclear parecia, por outro lado, prosseguir.
Algumas autoridades iranianas consideraram muito provável que o assunto termine no CS da ONU. Shamkhani, que não está encarregado do expediente nuclear de seu país, foi o único que fez declarações nesta terça-feira. –O que vão fazer? Impor sanções? Já estamos submetidos a sanções, afirmou. Ele reafirmou a natureza unicamente civil do programa nuclear nacional, acrescentando, porém, que se um dia as instalações do país forem atacadas, Teerã deixará de lado qualquer compromisso atômico.
O presidente americano George W. Bush se negou a excluir o uso da força para impedir que o Irã se dote da bomba atômica. (FSP, 9/8)