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2005-08-09
Invasão do Iraque. Levante popular na Bolívia, no Equador. Em todo o mundo, nervosismo nas bolsas de valores, análises catastróficas. No Brasil, ônibus mais caro, desemprego e menos dinheiro no bolso. Todas essas cenas tão díspares e freqüentes em todo o globo têm algo em comum: a dependência do petróleo.

Mas se seria um exagero dizer que este insumo é o pano de fundo de toda esta história, é inegável que o petróleo possui uma explosiva capacidade de mexer com o cotidiano das pessoas. O que ocorre com essa fonte energética logo é sentido pelo povo, que paga mais caro pelo transporte ou pelo gás de cozinha. As potências imperialistas do planeta não desprezam sua importância. Está aí o exemplo dos Estados Unidos ardendo no Iraque em busca de alguns milhões de barris.

A este quadro de dependência do petróleo, soma-se um cenário preocupante: enquanto o consumo cresce, não se descobrem reservas no mesmo ritmo. O preço do barril nunca esteve tão caro, já ultrapassa a faixa dos 60 dólares. E mesmo que a realidade recomende prudência, no mínimo, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ir na direção contrária. Em outubro, será feita a 7ª Rodada de Licitações de áreas para exploração e produção de petróleo e gás natural. Na contramão de outros presidentes que redescobrem como usar o petróleo para melhorar a vida do povo.

Lula vai leiloar as possíveis reservas brasileiras. Para muitos, uma decisão que compromete o futuro do país.

— O Brasil não tem reservas muito importantes. Por isso, devemos ser avarentos com o nosso petróleo e preservá-lo ao máximo. Sou contrário à rodada, sobretudo porque a tendência mundial é de elevação do preço do barril -, avalia o economista Carlos Lessa, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ele critica, ainda, a perspectiva implícita nesses leilões, que é o Brasil se tornar um exportador marginal de petróleo. Isso porque uma lei aprovada na gestão Fernando Henrique Cardoso – e mantida pelo presidente Lula – permite às transnacionais exportar o petróleo, caso o governo não exerça sua preferência de compra em 30 dias. Como até setembro o Brasil se tornará auto-suficiente na extração do insumo, as reservas terão como destino certo o mercado externo.

Futuro em xeque
Um simples cálculo mostra a gravidade da situação. Como explica Sérgio Ferolla, tenente brigadeiro- do-ar, as reservas brasileiras totais são estimadas em cerca de 30 milhões de barris, somando as já comprovadas e as que ainda podem ser descobertas. Para efeito de comparação, as reservas da Arábia Saudita chegam a 260 bilhões de barris.

O consumo anual do país é de cerca de 1,8 milhão de barris, com crescimento estimado de 5% ao ano. Nessa conta, em 25 anos, as reservas estariam extintas, mesmo se todo o insumo fosse usado apenas para consumo interno.

— Quando a Petrobras esgotar a produção dos estoques sob seu domínio, por volta de 2020, certamente o restante das reservas já estará exaurido com as exportações predatórias que o governo prossegue autorizando -, prevê Ferolla, acrescentando que, se a estatal decidir exportar suas reservas, nem o futuro energético do Brasil até 2020 estará garantido. Para o tenente brigadeiro, a decisão do governo de realizar a 7ª Rodada é leviana.

— Estamos dilapidando nossas modestas reservas sem atentar que, em um futuro próximo, tentaremos adquirir esse estratégico e escasso produto no mercado internacional a preços imprevisíveis -, critica.

A dívida
O governo Lula, no entanto, não entende dessa forma. O argumento para manter a rodada é que atrairá investimentos externos e, principalmente, a exportação do petróleo pode gerar dólares para a balança comercial. Ocorre que a maior parte do dinheiro arrecadado na 6ª Rodada de licitações foi usada para compor o superávit primário, ou seja, produzir recursos que são esterilizados para pagar os juros da dívida.

Esse uso banal do petróleo, negociado como se fosse soja, ignora alertas dos próprios arautos do neoliberalismo. Um estudo divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) avalia que a crise do petróleo representa uma grave ameaça à economia mundial. Os técnicos do Fundo entendem que os grandes exportadores do insumo não têm condições de aumentar sua produção e, como conseqüência, o barril do petróleo custará cerca de 100 dólares perto de 2010.

Para Carlos Lessa, ainda em 2005, chegaremos à barreira dos 80 dólares. Como isso repercutirá na vida do brasileiro?

— Isso vai depender da política da Petrobras. Hoje, a tendência da estatal é reduzir um pouco sua lucratividade para não repassar integralmente a variação do preço do petróleo -, explica o economista. Ele ressalta a importância de se ter uma empresa pública controlando o nosso petróleo, pois pode reduzir seus ganhos para favorecer a população. Isso não seria possível com uma transnacional.

— No mundo, a conseqüência da alta dos preços será uma redução da atividade econômica. Vivemos anos muito bons em 2003 e 2004 por causa dos bons resultados da economia mundial. Haverá uma tranca e isso repercute também sobre nós -, conclui. (Brasil de Fato, 08/08)

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