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2005-08-05
Não é apenas a baixa cotação de mercado que está desanimando os produtores de trigo em Santa Catarina. Depois de sofrer graves prejuízos com uma forte seca ocorrida no início do ano, os triticultores do Oeste têm agora uma nova barreira climática pela frente: há 13 dias não chove forte na região e os termômetros chegam marcar 30º C em alguns municípios, marcando um inverno bastante atípico.

O engenheiro agrônomo e pesquisador da Epagri em Chapecó, Luis Vieira, explica que o clima desfavorável atrapalha o desenvolvimento vegetativo das plantas que, por enquanto, continuam verdes. — Isso prejudica a ocorrência do perfilho (surgimento de plantas secundárias no mesmo pé), o que deve ter reflexo na produtividade da lavoura -, diz Vieira.

Produtor rural em Linha Faxinal dos Rosas, interior de Chapecó, Izídio da Silva plantou 25 hectares de trigo. Ele confirma que o clima desfavorável ainda não causou prejuízos visíveis, mas desde já preocupa. — Se não chover e voltar a esfriar, nós vamos precisar fazer um tratamento da lavoura à base de fungicida -, explica.

O plantio da lavoura ocorreu de forma tardia, em junho. Junto com os irmãos, Silva optou pela cautela ao reduzir em 45% a área destinada ao trigo. Ele também reclama da cotação de mercado e revela que aguarda uma recuperação do preço até novembro, quando ocorre a colheita. — Nós vendemos a última safra a R$ 23,00 o saco. Hoje, o trigo custa cerca de R$ 21,00 -, comenta.

O engenheiro agrônomo e analista de mercado do Cepa-Epagri, Tabajara Marcondes, estima que o decréscimo na área plantada de trigo em Santa Catarina pode ter chegado aos 20% em algumas regiões, como no Oeste.

O vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, afirma que a entidade alertou os agricultores catarinenses para a situação de mercado desfavorável. De acordo com o dirigente, por causa da baixa cotação do cereal, a área plantada no Estado pode cair até 50%.

Frutas
As perdas precoces nas safras de pêssego e ameixa já são tidas como certas por produtores de toda a região de Videira, no Meio-oeste catarinense. O calor registrado nos últimos dias, com temperaturas que chegaram a 28 graus centígrados, favoreceram a floração e qualquer frio em maior intensidade, a partir de agora, poderá queimar as gemas e impedir a formação dos frutos.

Segundo o pesquisador Ênio Schuck, da Empresa de Pesquisa e Extensão Agropecuária de Santa Catarina(Epagri), o frio deverá voltar ao Estado a partir de sábado. — No estágio de floração que algumas variedades estão, é possível que hajam perdas significativas -, explica. A fase mais delicada para a planta é da gema recém-formada, visto que ela sofre congelamento. — É muito difícil prever um percentual de perdas porque ainda não sabemos com qual intensidade o frio virá -, justifica ele.

Na maçã, uma previsão mais clara sobre a produção deste ciclo produtivo só poderá ser feita a partir da floração, explica o diretor-presidente da Renar Maçãs, Roland Brandes. — Só poderemos saber se teremos algum tipo de perda a partir da florada, que só deve iniciar no final de setembro-, explica. (A Notícia, 05/8)

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