ONGs DENUNCIAM HIPOCRISIA DA CONFERÊNCIA SOBRE SEGURANÇA ALIMENTAR
2001-09-11
Enquanto cientistas de universidades européias e pesquisadores de gigantes como Aventis (uma das patrocinadoras da conferência), Monsanto e Novartis disseminam as melhorias tecnológicas pela mudança genética, em alguns painéis, um grupo de ONGs realiza uma miniconferência paralela ao lado do centro de convenções, mostrando, na sua opinião, o lado cruel da biotecnologia. De acordo com Manfred Kern, da Aventis Cropscience, existem hoje cerca de 49 milhões de hectares cultivados com transgênicos no mundo, mas falta regulamentação adequada para o uso das sementes e dos produtos. - Os países terão que escolher entre estarem inseridos no mercado global, cuja tendência é o uso de organismos geneticamente modificados, ou estagnar, assinala Kern. Biólogo, ele destaca que o uso de OGMs tende a se bifurcar entre a produção de alimentos para os países pobres, e as melhorias nas condições de saúde para a população das nações desenvolvidas. Os ambientalistas, porém, resistem a essa bipolaridade e acreditam que o uso de OGMs só e sustentável se puder trazer melhorias à saúde e evitar a degradação ambiental e as doenças. Eles acham que não é necessário o uso de transgênicos para aumentar a produtividade das lavouras - ao contrário, os OGMs trazem mais dependência econõmica e tecnológica para os nossos agricultores, frisa Emmanuel Yap. - A Índia e a China têm alimentos suficientes para as suas populações. O problema não é falta de alimentos, mas poder de compra para adquirí-los, acrescenta. O Greenpeace converge com a Masipag. Ontem, assessores de imprensa da entidade lançaram um release condenando a conferência sobre a segurança alimentar, acusando-a de ser um evento hipócrita e cínico, pois os compromissos de redução da fome acordados no evento mundial anterior sobre o assunto, realizado em 1996, não foram cumpridos.