O governo federal admitiu que poderá não apresentar as 17 usinas hidrelétricas inicialmente previstas para serem ofertadas no leilão de energia nova programado para dezembro. Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tomalsquim, nem todas as licenças ambientais serão concedidas, mas o evento deverá possibilitar a comercialização de energia suficiente para evitar uma possível crise no abastecimento em 2010, apontada por diversas associações no setor.

Tomalsquim preferiu não informar as estimativas, por serem estratégicas para a realização do leilão, mas afirmou que o governo está estudando a possibilidade de que o leilão realize contratos de disponibilidade para as usinas termelétricas, aumentar a oferta de novas usinas térmicas. Nestes contratos, os riscos de operação são direcionados ao consumidor, não ao investidor. A geradora aluga a planta para o sistema interligado em troca de uma receita fixa, com a qual remunera apenas seus custos fixos. Tomalsquim avaliou que o consumidor será beneficiado pelo modelo de contrato em virtude das tarifas mais baixas, possibilitadas pelas estimativas de custos que serão entregues pelos investidores antes do leilão.

Para o presidente da Associação Brasileira das Geradoras Termelétricas (Abraget), Xisto Vieira Filho, o contrato por disponibilidade pode ser eficiente, mas salientou a escassez na oferta de gás. – Se a solução for utilizar o diesel como combustível, quero saber quem vai pagar a conta, já que vai ficar muito mais caro -, disse. Segundo a Câmara Brasileira de Investidores em Energia Elétrica (CBIEE), somente a operação das térmicas convertidas a diesel vai custar cerca de US$3 bilhões adicionais por ano às geradoras, apenas com a diferença de preços do insumo em relação ao gás natural. A estimativa é do presidente da entidade, Cláudio Sales. Segundo ele, o valor representa 10% da arrecadação total. As usinas térmicas a gás estão sendo convertidas para utilização de diesel por decisão do governo, depois que foi identificado que diversas das usinas não poderiam gerar energia porque não havia gás suficiente para atender a todas. (GM, 05/08)