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2005-08-05
O Greenpeace protestou, esta manhã, na prefeitura do Rio de Janeiro para expor a falta de ação da atual administração municipal contra a destruição da Amazônia. Um ativista da organização, vestido como funcionário da prefeitura, usou uma motosserra para cortar um pedaço de um toco de árvore cenográfico, construído com madeira certificada e decorado com papel marche, medindo cerca de 2 metros de diâmetro por 1 metro de altura. O pedaço, simbolizando o desmatamento da Amazônia, foi entregue pelos ativistas ao vice-prefeito Otávio Leite (PSDB-RJ), que se comprometeu a dar uma resposta definitiva ao Greenpeace sobre o andamento do processo na prefeitura em, no máximo, uma semana. Há mais de um ano, o Greenpeace negocia com o município do Rio de Janeiro a adesão ao programa Cidade Amiga da Amazônia, que prevê a adoção de leis municipais que proíbem o consumo de madeira de origem criminosa pela prefeitura.

— Em julho de 2004, denunciamos a utilização de madeira amazônica de origem ilegal na construção e reforma dos deques da Lagoa Rodrigo de Freitas, uma obra da prefeitura. Até hoje, nenhuma medida foi tomada para evitar que casos assim se repitam -, afirma Rebeca Lerer, do Greenpeace. - Mais de 70% da madeira amazônica têm origem ilegal. Esta indústria que atua na ilegalidade alimenta a destruição criminosa da floresta. Em apenas um ano, 26.130 km2 foram desmatados - a Amazônia tem pressa!

A partir da denúncia dos deques da Lagoa, foi instaurado processo administrativo na prefeitura da cidade sob número 14/002.348/2004. Neste período, o Greenpeace manteve contato com o prefeito César Maia e o secretário municipal de Meio Ambiente, Ayrton Xerez, incentivando a adesão do Rio ao programa Cidade Amiga da Amazônia. Em andamento em 12 municípios brasileiros, incluindo São Paulo (SP) e Manaus (AM), o programa tem por objetivo a adoção de legislação e mecanismos de controle que evitam a compra de madeira nativa de origem criminosa nas licitações promovidas pelas prefeituras. De acordo com dados do IMAZON, cerca de 70% da madeira extraída da Amazônia e consumida pelo mercado brasileiro. As prefeituras utilizam grandes volumes de madeira em obras públicas e mobiliário.

No ultimo dia 19 de julho, o Greenpeace iniciou campanha de mobilização junto à população carioca para pressionar a prefeitura do Rio de Janeiro a tomar medidas contra o desmatamento da Amazônia. Até hoje, mais de 8 mil mensagens de e-mail foram enviadas ao prefeito César Maia solicitando a inclusão do Rio no programa Cidade Amiga da Amazônia. Além do ativismo pela Internet, foram publicados anúncios em diversos meios de comunicação e foram realizados contatos por carta e telefone com a prefeitura sem a obtenção de qualquer resposta concreta. - O desmatamento da Amazônia é um problema gravíssimo que deve ser enfrentado por todos os níveis de governo e pelo conjunto da sociedade brasileira -, continua Rebeca Lerer. - Nossa expectativa é que a prefeitura do Rio de Janeiro faça sua parte e passe a comprar apenas madeira de origem legal e sustentável. Ao mesmo tempo, na floresta...

Nas próximas semanas, um time do Greenpeace continua percorrendo a BR-163, que liga Santarém (PA) à Cuiabá (MT) para documentar o crescente desmatamento causado pela expansão da fronteira agropecuária, principalmente para produção de soja. Na área de influência da BR-163 também estão localizados grandes pólos madeireiros.

Na última terça-feira (02/08), ativistas fecharam com uma cancela uma estrada clandestina que corta a Floresta Nacional (Flona) de Altamira, às margens da BR-163, no Pará. A cancela foi trancada com um cadeado e a chave, entregue ao escritório do Ibama em Novo Progresso, como contribuição do Greenpeace à governança na região. A pavimentação da rodovia é uma das prioridades do governo Lula. Mas, para o Greenpeace, a presença permanente do Estado na Amazônia deve chegar antes do asfalto. - Se sem a pavimentação, os recursos naturais na área de influência da BR-163 já estão sendo totalmente devastados, imagine com o acesso facilitado pelo asfaltamento da estrada- , diz Nilo Da Avila, coordenador da campanha do Greenpeace pela proteção da região da BR-163. (Amazônia.org.br, 04/08)

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