SUBSÍDIOS DO PRIMEIRO MUNDO SÃO UMA DAS CAUSAS DA FOME NO MUNDO
segurança alimentar
2001-09-11
Vinte e quatro mil pessoas morrem de fome todos os dias, segundo estatisticas da FAO, agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. A maioria delas vive em países do Terceiro Mundo. De 1990 para cá, 167 milhões de crianças abaixo de cinco anos vêm sofrendo de desnutrição crônica (31% da população nessa faixa etária em todo o mundo). Esse número era um pouco maior entre 1960 e 1990 (187 milhões de crianças), mas deve-se considerar que, nos últimos dez anos, a população mundial cresceu mais comparativamente aos 20 anos imiediatamente anteriores. Os dados foram mostrados na abertura da Conferência Mundial sobre Segurança Alimentar que aconteceu semana passada em Bonn. Entre os pontos mais sensíveis abordados nos discursos de abertura está a reivindicação pelo fim dos subsídios agrícolas no Primeiro Mundo. Foi a própria ministra do Desenvolvimento da Alemanha, Heidemarie Wieczorek-Zeul quem reconheceu a necessidade de acabar com esse tipo de incentivo para evitar tanta desigualdade entre os agricultores do Primeiro e do Terceiro Mundo. Essa foi também a tônica do discurso do premier de Uganda, Apollo Nsibambi. Tanto ele quanto a ministra alemã arrancaram aplausos dos participantes ao fazerem uma mea-culpa dos países ricos e mesmo das elites dos países pobres com relacao à cronicidade do problema da fome. - A segurança alimentar é o acesso de quantidade suficiente de alimentos para todas as pessoas. Então, por que estamos falhando para atingir esse objetivo? , questionou Nsibambi. Segundo ele, o maior problema é o da falta de conhecimento, assim como o problema da insuficiência de renda da maior parte da população dos países pobres, que leva à desnutrição. A degradação ambiental - mau uso de terras agrícolas, com erosão de solos, bem como as mudanças climáticas, são também causas da fome no mundo. A maior parte dos painelistas concorda que o problema é mais politico, de distribuição de alimentos e de renda, do que científico ou tecnológico. De acordo com o ativista ambiental Emmanuel Yap, da ONG Farmer Scientist Partnership for Development (Masipag), criada em 1985 para combater os efeitos ambientais e para a saúde, derivados do uso excessivo de agrotóxicos, herbicidas e fertilizantes, a conferência precisa deixar claro que o problema da fome não se resolve com o uso da biotecnologia, - pois ela cria mais dependência e torna mais caros os alimentos para os pobres, que, na sua maioria, são agricultores.