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2005-08-05
Um grupo internacional de cientistas, entre os quais se encontra Xavier Rodó, climatólogo e diretor do Laboratório do Clima do Parque Científico de Barcelona, e da Universidade de Barcelona, na Espanha, confirmaram a relação entre fenômenos climáticos como El Niño e o aparecimento de epidemias de cólera, segundo publicação do último número da revista Nature. Conforme explicou a diretora da pesquisa, Mercedes Pascual, o estudo permitiu confirmar que a variabilidade do clima e, concretamente, o fenômeno conhecido como El Niño, caracterizado por condições anormais de chuva, tem influência nas epidemias de cólera.

O estudo foi realizado sobreuma série histórica de dados recompilados durante os últimos 40 anos na população de Matlab, em Bangladesh. Nesses dados, os cientstas encontraram correspondência muito clara entre as variações interanuais na transmissão da enfermidade e os padrões climáticos.–Demostramos que a transmissão da enfermidade é maior durante condições extremas de chuva, tanto durante inundações como em secas, embora as variações, nos casos de cólera, não dependam somente das variaões do clima, já que o clima interage com o nível de imunidade da população, explica a pesquisadora.

Pascual assinala que, embora não se tenha antes demonstrado a influência de El Niño, mostra-se, pela primeira vez, como o clima atua sobre a enfermidade da cólera em nível regional. –Há muito tempo, propoôs-se que a chuva tem uma influência nas epidemias de cólera, mas esta é a primeira demostração de tal efeito, acrescentou. Para a pesquisadora, as principais implicações práticas desse estudo concernem à futura previsão da enfermidade, já que não apenas se identificaram variáveis de clima que ~sao críticas como também os modelos matemáticos que foram utilizados para prever casos de cólera, os quais terão que levar em conta o nível de imunidade da população e como eles interagem com a variabilidade climática.

Concretamente, os pesquisadores desenvolveram um modelos matemático que integra a dinâmica interna da doença infecciosa, que depende das características da população, de políticas sanitárias e das campanhas de vacinação, com elementos externos, como os climáticos. O modelo pode ser de utilidade em doenças infecciosas como cólera, malária e dengue, que seguem com uma dinâmica no tempo a qual se repete, aproximadamente, seguindo um ciclo anual, embora nem todos os anos sejam iguais, já que, às vezes, desenvolvem-se epidemias, e outra vezes apresentam-se incidências inferiores às habituais. (El Mundo, 4/8)

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