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2005-08-04
Ativistas do Greenpeace fecharam na terça-feira (2/8) uma estrada clandestina de 135 quilômetros que invade a Floresta Nacional (Flona) de Altamira, área protegida criada pelo governo federal em 1998 às margens da BR-163, no Pará. A estrada é usada para extração ilegal de madeira e facilita desmatamentos dentro da unidade de conservação.

Ao fechar a estrada com uma cancela, os ativistas colocaram no local placas com as mensagens: Área esperando para ser protegida e Amazônia: Salvar ou destruir. A cancela foi trancada com um cadeado e a chave, entregue ao escritório do Ibama em Novo Progresso, principal pólo madeireiro no trecho paraense da BR-163, como contribuição do Greenpeace à governança, já que cabe ao Ibama zelar pela Flona de Altamira e outras áreas protegidas federais. Em sobrevôo realizado no último domingo (31/7), o Greenpeace documentou desmatamentos recentes e a atividade madeireira – ilegal – dentro da Flona.

— O que acontece na Flona de Altamira é um exemplo do que ocorre com outras unidades de conservação (UCs) na Amazônia, que enfrentam sérias ameaças em decorrência da precariedade de órgãos públicos encarregados de zelar pelo patrimônio ambiental da Amazônia-, disse Nilo DAvila, coordenador da campanha do Greenpeace pela proteção da região da BR-163.

— Hoje, a Flona de Altamira, com mais de 712 mil hectares, não passa de uma área desenhada no papel, com poucos funcionários mal-equipados encarregados de sua guarda. Se medidas não forem adotadas imediatamente, o governo pode perceber tarde demais que os recursos naturais da região já foram roubados-.

Das 14 unidades de conservação existentes na área de influência da BR-163, por exemplo, oito não teriam nenhum funcionário do Ibama para fiscalizar a área e estão expostas à ação criminosa de madeireiros, fazendeiros e grileiros da região. O asfaltamento total da rodovia é uma das obras prioritárias da administração Lula. A pavimentação estava inicialmente prevista para começar ainda este ano. Em março de 2005, o governo lançou o Plano BR-163 Sustentável, com medidas estruturantes e de caráter emergencial para que a pavimentação da estrada ocorra com o mínimo impacto possível. Dentre as medidas, estão previstas a criação de áreas protegidas, o aumento da fiscalização, o ordenamento territorial e o incentivo a atividades não-predatórias.

O Greenpeace acredita que, antes do asfalto, precisam chegar de fato o governo e as medidas previstas no Plano, bem como o fortalecimento do Ibama, Polícia Federal, Incra, Funai e outras instituições públicas que atuam na Amazônia. — Se sem a pavimentação, os recursos naturais na área de influência da BR-163 já estão sendo totalmente devastados, imagine com o acesso facilitado pelo asfaltamento da rodovia, questiona DAvila. (Com informações do Greenpeace)

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