MP SE MANTÉM ATENTO À QUESTÃO DOS TRANSGÊNICOS
2001-09-11
As empresas de biotecnologia estão realizando venda casada quando oferecem não só as sementes, mas os herbicidas ou pesticidas que estão associados às sementes, como a Roundup Ready, que entre seus elementos, possui o mesmo princípio ativo do herbicida. A conclusão é de alguns Procuradores da República que estiveram presentes em Canela para o encontro anual da categoria no final de agosto. A Monsanto para se defender, alega que há outras empresas brasileiras que fabricam herbicidas à base do glifosato. A Nortox, empresa concorrente, que inclusive fabrica herbicidas à base de glifosato, entrou com uma representação contra a Monsanto na Secretaria de Direito Econômico em 1998 e que ainda está sem uma decisão final. O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e a entidade ambientalista Greenpeace também ajuizaram uma ação civil pública contra a Monsanto, sendo posteriormente julgada procedente, culminando na sentença determinando a suspensão do plantio em escala comercial e também a produção da soja. Surge no entanto, várias denúncias de plantações, especialmente no Rio Grande do Sul, que de acordo com Aurélio Veiga Rios, Procurador da República (DF) e 2° vice -presidente da Associação Brasileira do Ministério Público do Meio Ambiente (Abrampa), é o estado onde existem plantações clandestinas de soja transgênica em larga escala. -Isso se deve ao alto grau de polaridade que se estabeleceu no RS nesse aspecto. Também não tenho dúvidas que há uma grande pressão da Monsanto frente aos agricultores, afirma. O Procurador também se referiu à atitude da Monsanto sobre as denúncias de contrabando de suas sementes. - Em outros países, como no Canadá, a Monsanto não é tão tolerante com essas denúncias e porque aqui é diferente?, questiona. - A transnacional parece querer, na verdade, criar um clima de fato consumado. O grande problema é que a conta econômica está lá na frente. O Brasil é um dos grandes produtores de soja não modificada do mundo e isso é uma grande vantagem competitiva que o país abriria mão, principalmente do mercado europeu, cuja população já fez sua escolha pelo plantio tradicional. Segundo Rios, se fosse admitida a introdução desses organismos geneticamente modificados(OGMs) no país, que então fizesse a segregação. Ou seja, estabelecer quais locais serão plantados os OGMs, e quais locais será feito o cultivo tradicional. - Em alguns produtos, como a soja, isso pode funcionar, agora, no caso do milho, não. No milho pode acontecer a transferência, a polinização cruzada, explica.