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2005-08-02
A população mato-grossense acredita ser mais importante proteger o meio ambiente em detrimento do crescimento econômico do Estado. A constatação foi apontada na pesquisa Ibope realizada entre os 9 e 16 deste mês, relacionada especificamente à questão ambiental. A extração de madeira, para 75% dos entrevistados, é a vilã do desmatamento. A agricultura e a pecuária estão empatadas em segundo lugar com 6% das indicações. Os demais não opinaram ou afirmaram nenhuma das três opções.

A pesquisa buscou saber a opinião da população sobre a prioridade entre o meio ambiente e o crescimento econômico do Estado. Os entrevistados com 52% não tiveram dúvida em apontar a conservação do meio ambiente. 24% disseram que as duas ações podem vir juntas e 19% classificaram a questão econômica como prioritária. Quase 6% preferiram não opinar ou não souberam responder.

A prioridade em proteger o meio ambiente, segundo a pesquisa, é consenso em todas as camadas da população, independente do grau de instrução dos entrevistados. A pesquisa abrangeu todas as regiões do Estado. Foram ouvidas 1.512 pessoas com idade acima de 16 anos. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos. Três frases foram elaboradas para a avaliação da população. Na primeira: Um meio ambiente melhor traz benefícios para os negócios, 89% concordaram totalmente ou em parte. A segunda: O Mato Grosso tem uma responsabilidade especial perante o resto do país em proteger e administrar suas florestas e matas tropicais foi avaliada positivamente por 83%. A última frase: O Mato Grosso deve fazer o que bem entender com suas florestas e matas tropicais, sem precisar dar satisfações para alguém de fora, recebeu a resposta negativa de 76% dos consultados. Os números são arredondados pelo Ibope.

56% dos entrevistados afirmaram que os cuidados devem aumentar com o meio ambiente. Quando questionados sobre a economia e o emprego devem vir em primeiro lugar, 26% disseram que sim. 18% não souberam responder ou não opinaram. A pesquisa apontou também qual o grupo que tem mais razão nas discussões sobre o meio ambiente. 43% responderam que são as entidades ligadas à preservação ambiental. 25% apontaram que dependem dos recursos naturais para sua atividade econômica. Um universo de 13% afirmou que ambos têm razão nas discussões. 19% não souberam ou não opinaram. A pesquisa reflete a crise enfrentada pelo Estado após uma série de denúncias feitas pela mídia nacional e internacional com relação ao alto índice de desmatamento em Mato Grosso, aliada ao desencadeamento da operação Curupira pela Polícia Federal, com a suspeita de complacência dos órgãos ambientais no transporte irregular de madeira. Para Homero, pesquisa teve influência da mídia
Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso, Homero Pereira, diz que a pesquisa não poderia ser diferente. - A pesquisa foi feita após o dilúvio da imprensa internacional e Mato Grosso estava no olho do furacão. Houve uma influência direta neste caso porque a mídia não deu chance ao contraditório -, afirmou. No entanto, ele pondera: - para os agricultores, nada tão mal. Pela legislação, explica Homero, pode ser derrubada de floresta até 20% da Amazônia. Segundo ele, as propostas na área ambiental estão bem adiantadas. - Podemos fazer a integração agricultura e pecuária e dobrar a área plantada sem derrubar uma única árvore, depende da abordagem -, esclareceu o presidente da Famato. Ele afirma que é possível conciliar o desenvolvimento com a preservação. - Pode produzir em base sustentável e harmônica com o meio ambiente -, salientou. De acordo com Homero, existem maneiras de otimizar o uso do solo.

Para Homero, o resultado da pesquisa também confundiu. Ele diz que, o governador Blairo Maggi por ser um produtor, as pessoas apontaram que este setor da agricultura é maior beneficiado na atual gestão. - Pelo contrário, a agricultura e a pecuária são os que mais contribuem com o governo -, respondeu Pereira. Ele deu como exemplo a arrecadação do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab). - Esta coisa está impregnada no consciente coletivo -, apontou. - Nos olhos da população dar a impressão que a agricultura é a mais beneficiada -, constatou Homero.

Parlamentar defende os madeireiros
Secretário da Assembléia Legislativa, o deputado José Riva (PP) saiu em defesa dos madeireiros. Segundo ele, o resultado da pesquisa que aponta que a extração de madeira responsável por 75% do desmatamento, não condiz com a realidade no Estado. - A própria sociedade não tem conhecimento dos programas de meio ambiente, ao dizer que os madeireiros são o vilões da questão ambiental, aí se comete um equívoco -, defendeu o parlamentar, que tem base eleitoral na região norte, cuja a atividade tem ampla inserção. Segundo Riva, o setor madeireiro não desmata, tira a árvore madura. Para ele, o desmatamento ocorre com maior frequência nos setores da agricultura e pecuária.- Com exceção ao equívoco, no mais acho que a sociedade está madura para o que ela quer -, resumiu o parlamentar. (Amazônia.org.br, 01/08)

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