Recicladora afirma que Brasil pode resolver passivo ambiental de pneus usados
2005-08-02
Dar um destino adequado a carcaças de pneus é um desafio em todo o mundo. Segundo dados do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, no Brasil está em torno de 100 milhões o número de pneus inservíveis, ou seja, sem condições de rodagem ou de reforma. As milhares de carcaças abandonadas causam transtornos à população, como a obstrução da passagem da água de chuva, o que pode contribuir para enchentes. Além disso, servem como criatório de mosquitos transmissores de doenças como a dengue. Para enfrentar o problema, a Resolução 258/1999 do Conama determina a coleta e destruição ambientalmente adequadas do pneu descartado. Em 2005, a norma obriga os fabricantes de pneus originais a destruir cinco pneus inservíveis para cada quatro novos, produzidos internamente ou importados.
— Hoje, o país tem um número de empresas recicladoras com tecnologia e escala capazes de sanar esse passivo ambiental. O pneu inservível é triturado, e na forma de grânulos ou pó de borracha, tem múltiplas aplicações. De combustível em indústrias de cimento e de siderurgia a matéria-prima na fabricação de calçados, pisos para quadras esportivas, cobertura de asfalto e utensílios diversos-, exemplifica Silvio Zambello, diretor comercial da UTEP, empresa com sede em Guarulhos (SP), que além de triturar carcaças de pneus recicla outros dois tipos de resíduos sólidos, as madeiras pallets e plásticos em geral.
A UTEP e outras recicladoras de borracha estão com sua capacidade fabril subutilizada, por isso Zambello acredita que os fabricantes de pneus originais poderiam ter se poupado do episódio recente, a multa de mais de R$ 22 milhões aplicada pelo Ibama pelo não recolhimento da cota de pneus fora de uso legalmente estipulada.
— Os interesses do consumidor e a garantia de um meio ambiente adequado para todos devem sempre prevalecer. No ano passado, a UTEP aceitou a proposta da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), que representa o setor, para triturar o máximo de carcaças coletadas. Apesar da negociação bastante vantajosa para a Anip, só recebemos um caminhão com cerca de quatro mil carcaças-, informa o diretor comercial da UTEP. — Os recursos alocados para pagar a multa do Ibama poderiam ter sido usados para dar destino correto a milhares de carcaças, além de evitar esse tipo de exposição negativa do setor perante a sociedade-, ressalta Zambello.
Com maquinário italiano e mão-de-obra altamente qualificada, a UTEP está ampliando suas instalações para receber, a partir de setembro, em uma área de 11 mil metros quadrados, mais de 600 mil pneus inservíveis. — Em apenas dois turnos diários de trabalho poderemos reciclar 1,5 tonelada de sucata de borracha-, informa o diretor comercial da UTEP. (Com informações da AG Comunicação Ambiental)