UE pressiona por restrições aos gases-estufa
2005-08-02
Apenas um dia depois do anúncio de que Estados Unidos, Austrália, Japão, China, Índia e Coréia do Sul estavam fechando um acordo para o desenvolvimento de tecnologias voltadas à redução da emissão dos gases-estufa – o conjunto de poluentes responsáveis pelo aquecimento global, o mais notório dos quais é CO2 – a União Européia volta à cena na tentativa de articular um novo acordo internacional que preveja metas e obrigações claras para os cortes.
Segundo uma porta-voz do bloco europeu disse à BBC, é improvável que o acordo liderado pelos EUA tenha sucesso em reduzir significativamente as emissões dos países signatários.
Ferrenho opositor dos pactos que, nos moldes do atual Protocolo de Kyoto, tornam obrigatórias as reduções, o governo W. Bush defende que cada país possa definir suas próprias metas, sem que haja qualquer imposição internacional – transportando para a arena ambiental a defesa da desregulamentação que faz no campo econômico. Em diversas ocasiões, o presidente norte-americano já declarou preferir resolver o problema do aquecimento global através do desenvolvimento de novas tecnologias ao invés de impor restrições à poluição, o que poderia ter impactos negativos na atividade econômica.
O novo acordo, batizado Sociedade Ásia Pacífico para o Desenvolvimento e o Clima faz uso desse receituário.
O governo dos EUA também critica a exclusão de países em desenvolvimento que também são grandes poluidores dos limites impostos por Kyoto. Dois dos principais países nessa condição, China e Índia, estão incluídos na nova Sociedade.
O anuncio aconteceu durante o Fórum Regional da Associação das Nações do Sudeste Asiático, ocorrido no Laos. De acordo com o subsecretário de Estado dos EUA, Robert Zoellick, presente no lançamento da iniciativa, o novo tratado deve ser visto como um complemento e não uma alternativa ao Protocolo de Kyoto.
Grupos ambientalistas contestam essa interpretação. Para o WWF, um pacto sobre mudanças climáticas que não limite a poluição é o mesmo que um plano de paz que permita o disparo de armas. A porta-voz de meio ambiente da Comissão Européia, Barbara Helferrich, disse à BBC que vê com bons olhos qualquer iniciativa que combata as mudanças climáticas, mas que a Europa continua defendendo a regulamentação das emissões. –Não é um substituto para acordos como o Protocolo de Kyoto e não esperamos que venha a ter qualquer impacto real sobre as mudanças climáticas, disse, sobre o novo grupo.
–É preciso que haja acordos globais com compromissos, mas ainda devemos decidir em que escala e base. Está marcada para novembro, no Canadá, a próxima rodada de negociações sobre clima das Nações, ela será quase simultânea à primeira reunião da Sociedade Ásia Pacífico em Adelaide, Austrália. (BBS, Estado e ABDL, 29/7)