Associação Brasileira de Engenheiros Sanitaristas critica Casan e sistema de água e esgoto em Santa Catarina
2005-08-01
Um modelo exaurido. Essa é a avaliação que o diretor da Associação Brasileira de Engenheiros Sanitaristas (Abes), Paulo José Aragão, faz do sistema de água e esgoto implantado em Santa Catarina. Segundo ele, o Estado esbarra, principalmente, na questão do esgoto. — As companhias estaduais, e em Santa Catarina não é diferente, não estão conseguindo dar uma resposta aos municípios e, em conseqüência, estamos vendo municípios se desligando das estatais-, enfatiza Aragão.
Ele acredita que os grandes municípios têm condições de administrar o sistema de saneamento e muitos já estão se estruturando para isso. A preocupação é em relação aos pequenos. — É preciso analisar se esses municípios vão ter como operacionalizar o sistema. Nesse caso, acredito que o Estado vai ter de subsidiá-los, talvez na forma de criação de um fundo-, avalia.
A grande questão que deve ser levada em conta, na hora de discutir o melhor modelo, é a forma de gestão do serviço. — É preciso estar ciente dos conceitos de saneamento, que é uma atividade de promoção de saúde e não meramente financeira. Cada modelo tem suas vantagens e desvantagens, seja municipal, estatal ou privado-, comenta o diretor de Saneamento, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Sustentável, Afonso Vieira Filho.
Segundo ele, os administradores municipais, principalmente de cidades de menor porte, precisam avaliar se a arrecadação com os serviços de água e esgoto vai cobrir o custo operacional dos serviços. — Temos casos de municípios, que sempre foram gestores do saneamento, mas que até hoje não conseguiram implementar o serviço de captação e tratamento de esgoto-, enfatizou o diretor. Para Vieira, operacionalmente é melhor o serviço que está sob o comando dos municípios, mas em questão de investimentos é mais complicado.
Vieira afirma que os prefeitos estão pensando em um sistema superavitário e não estão analisando o futuro. — Se eles misturarem o dinheiro dos serviços com o da Prefeitura, tendo apenas uma visão financeira da coisa, vamos ter problemas sérios mais para frente-, acredita. (A Notícia, 1/08)