Pó que evita evaporação de água mostra bons resultados
2005-08-01
Ainda está longe o dia em que a seca no Nordeste brasileiro deixará de ser
um problema. No entanto, uma solução contra a evaporação de água nos açudes
– um dos vilões da escassez – tem mostrado bons resultados em testes de
campo e pode contribuir para acelerar a mudança de cenário.
O produto em questão é um pó composto por surfactantes (que reduz a tensão
superficial de uma solução) e calcário. Jogada na água, a mistura forma um
filme que diminui a rugosidade da superfície e, por conseqüência, a área
exposta aos elementos que aceleram a evaporação. O filme ultrafino forma
também uma espécie de barreira protetora entre a água e a atmosfera, sem
prejudicar as trocas gasosas.
— O método se encaixa na definição de tecnologia ambientalmente saudável
proposta pela Agenda 21 da Organização das Nações Unidas-, disse Marcos
Gugliotti, diretor científico da empresa Lótus Química Ambiental.
Coordenador do projeto Desenvolvimento de mistura antievaporante para a
conservação de água doce, financiado pela FAPESP dentro do Programa Inovação
Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE), o pesquisador está a caminho de
Brasília para testar o produto nos espelhos d’água do Congresso Nacional e
do Superior Tribunal de Justiça.
Os primeiros testes foram realizados na represa do Broa, em São Carlos,
interior de São Paulo. O pó é espalhado manualmente na superfície da água,
apenas com o auxílio de uma pá, luvas e uma máscara para evitar a inalação.
Segundo Gugliotti, o custo do produto é de R$ 20 o quilo, quantidade
suficiente para cobrir uma área de 10 mil metros quadrados. A reaplicação
deve ser feita a cada 48 horas em média. — A eficiência varia de acordo com o
ecossistema. Áreas com alta concentração de bactérias e muito vento diminuem
o tempo de ação do pó-, afirma. A redução da evaporação de água pode chegar
a 50%.
Em lugares onde a água é escassa e a evaporação alta, o retorno financeiro
do investimento alcançaria 100%. — A água tem um custo e a sua perda implica
prejuízos econômicos para a região-, disse Gugliotti, que pretende começar
os testes de longa duração nos açudes nordestinos em 2006. Segundo ele, essa
tecnologia é até dez vezes mais barata do que a dessalinização, técnica
comumente empregada para obtenção de água doce no Nordeste. (Agência FAPESP, 31/07/2005)