Cientistas usam óleo para bebês e benzeno para detectar radioatividade da Terra
2005-07-29
Com um telescópio feito de mil toneladas de óleo de bebê e benzeno em um tanque de aço, os cientistas mediram pela primeira vez a radioatividade da Terra, segundo informações de um relatório liberado ontem (28/7). O telescópio que eles utilizaram foi projetado para detectar partículas subatômicas de reatores nucleares. Os pesquisadores simplesmente o apontaram para baixo, na direção do centro da Terra. Físicos e geólogos disseram que a medida, que está amplamente de acordo com cálculos de geólogos, foi o início de uma nova era na capacidade de ver dentro da Terra.
Suas descobertas, informaram, levarão a um melhor entendimento do que mantém o planeta aquecido, os vulcões em atividade, as correntes continentais, o campo magnético – tudo o que contribui para possibilitar a vida.
Até agora os cientistas ficavam apenas em reverberações a partir de terremotos, tentando supor o que acontecia dentro da Terra. O detector feito com óleo de bebê e benzeno está posicionado a dois terços de milha abaixo da ilha japonesa de Honshu, na mina de zinco Kamioka. Ele grava flashes causados por partículas fantasmas chamadas neutrinos, que se reproduzem por decaimento de radioatividade de urânio e tório no núcleo da Terra.
Segundo medidas desses geoneutrinos, a radioatividade da Terra produz cerca de 19 bilhões de quilowatts de calor, cerca da metade dos 30 bilhões a 44 bilhões estimados. Comparativamente, todas as plantas nucleares do mundo, juntas, produzem 1 bilhão de quilowatts. –De certa forma, esta é uma medida real da quantidade, de modo que é um grande achado, disse Giorgio Gratta, físico da Universidade de Stanford em mensagem por e-mail. O Dr. Gratta e Atsuto Suzuki, da Universidade de Tohoku, no Japão, lideram um grupo de 87 físicos de quatro países que estão relatando seus resultados à revista Nature.
(NY Times, 28/7)